A técnica é inusitada, mas, nos locais em que foi aplicada, apresentou ótimas respostas: o número de larvas do Aedes caiu em até 90% e o de mosquitos recém maduros diminuiu em 95%. Tudo isso em 15 dias. A lógica é simples: os pesquisadores criaram uma espécie de armadilha para o inseto, fazendo com que ele mesmo carregue o larvicida pyriproxyfen para onde se reproduz.
Realizado em Manacapuru (AM), pela Fiocruz Amazônia, o estudo durou dois anos. Foram selecionados 100 locais distribuídos pela cidade, que serviram como bases de monitoramento — os chamados criadouros sentinela. Depois, 1 mil recipientes com a substância tóxica às larvas foram deixados pelo município. Essas estações disseminadoras continham água e eram escuras. Tudo para atrair a “presa”.
O método funciona porque o Aedes põe seus ovos em vários lugares. Ou seja, quando os deixa na estância que contém o veneno, eles morrem.
E mais: o larvicida não mata o vetor adulto, mas acaba grudando em suas patas. Ao voltar para outros criadouros, portanto, o mosquito espalha o veneno e extermina a prole.
O possível impacto do experimento foi calculado pelos estudiosos. Eles concluíram que, se as taxas de redução forem similares em outros centros urbanos, um surto desapareceria rapidamente, sem virar epidemia.
O desafio em 2017 é justamente esse: testar outras cidades e cenários. Apesar disso, as verificações representam uma estratégia rápida e de baixa complexidade no combate a dengue, zika, chikungunya e outros transtornos causados pelo inseto.