Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Quando malhar vira um vício (e um problema)

Embora seja um hábito saudável, praticar exercícios pode gerar dependência a ponto de prejudicar o corpo e a mente - é a vigorexia

Por Fernanda Bassette
Atualizado em 3 ago 2017, 10h47 - Publicado em 20 dez 2016, 09h30
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Parece até difícil de acreditar, mas, em uma sociedade cada vez mais obesa e sedentária, existem pessoas que são viciadas em atividade física. E não falamos de um ou outro aficionado de musculação. Estima-se que de 8 a 12% da população mundial tenha dependência psicológica por esportes. Dentro de uma academia, o número é ainda maior: de 35 a 42% dos alunos demonstram sinais de uma necessidade excessiva de suar a camisa.

    Em estudo publicado recentemente, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) chegaram a identificar as consequências desse comportamento. Para isso, eles recrutaram 18 homens adeptos de corrida e pediram para todos ficarem 15 dias longe das pistas. Detalhe: alguns dos voluntários davam claros indícios de dependência esportiva.

    Ao final da experiência, foi justamente essa parcela que se mostrou mais prejudicada com a impossibilidade de se movimentar. Para ter ideia, os participantes apresentaram mudança expressiva de humor, aumento na irritabilidade, abalo na qualidade do sono, sensação de fadiga, além de maior exposição a quadros de ansiedade e depressão.

    Segundo a educadora física Hanna Karen Moreira Antunes, uma das autoras da investigação, a cereja do bolo foi constatar, por meio de exames de sangue, que a turma louca por corrida ficou com níveis reduzidos de uma substância chamada anandamida. Isso chamou atenção porque, durante décadas, a principal hipótese para explicar a fissura pelo esporte era o fato de ele induzir a produção de endorfina, hormônio por trás da sensação de prazer. Agora, a tal anandamida rouba os holofotes.

    Liberada no cérebro, ela tem efeitos analgésicos e antidepressivos – sua ação, aliás, é semelhante à do THC, componente da maconha. Quando se faz atividade física, os níveis dessa molécula tendem a subir, pois ela ativa um circuito de recompensa cerebral.

    Continua após a publicidade

    O que a pesquisa da Unifesp sugere é que certos indivíduos têm uma falha nesse sistema e, aí, produzem pouca anandamida. Resultado: ficam vidradões em esporte para que a substância seja fabricada em um patamar suficiente para gerar bem-estar. “Por isso se trata de uma dependência bioquímica”, afirma Hanna.

    Segundo o psicólogo João Carlos Alchieri, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, os vestígios de que a prática esportiva saiu do controle começam de maneira sutil – de repente a pessoa sente a necessidade de malhar mais de uma vez por dia, por exemplo. A situação se torna preocupante quando o indivíduo desmarca compromissos profissionais, deixa de encontrar amigos e familiares para se dedicar aos treinos ou insiste em puxar ferro mesmo lesionado.

    Para ajudar a identificar a dependência e também a vigorexia, um distúrbio ligado ao abuso de exercícios em busca do corpo perfeito, Alchieri e sua equipe validaram um teste baseado numa escala de notas. “Ele não tem função de diagnóstico, mas evidencia comportamentos que, em geral, a pessoa não percebe, inclusive por estarem associados a hábitos saudáveis”, esclarece. É daí que vem a dificuldade em se reconhecer refém da malhação.

    Continua após a publicidade

    Felizmente, porém, uma vez que o vício é flagrado, dá para virar o jogo. Normalmente, os especialistas indicam a terapia cognitiva comportamental, já que a dependência também está ligada a dilemas emocionais e frustrações. O educador físico Marcelo Ferreira Miranda, do Conselho Federal de Educação Física, lembra, ainda, do papel dos treinadores, professores e personal trainers.

    De acordo com ele, é preciso conscientizar os alunos sobre a prática adequada e equilibrada de exercícios. “O repouso é tão importante quanto o período de treino”, exemplifica. Se levar o corpo à exaustão, ou deixar de ver graça na vida além da academia, a atividade física automaticamente perde sua função clássica: a de promover, acima de tudo, bem-estar.

    Leia também: Você não precisa se matar na academia para ficar em forma

    Continua após a publicidade

    Será que é vício?

    Concordar plenamente com algumas das frases abaixo pode ser sinal da dependência por exercício físico

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.