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Os segredos de Pelé para ter uma vida saudável

O rei do futebol acredita que a disciplina e o preparo físico foram os diferenciais de sua carreira como atleta — e continuam vitais para manter o bem-estar

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 11 Maio 2018, 19h17 - Publicado em 7 abr 2016, 14h47

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, é considerado o maior jogador de futebol da história. No Santos Futebol Clube, no New York Cosmos e na seleção brasileira, o craque desfilou sua habilidade e marcou 1 281 gols em 1 363 partidas disputadas. E esse é apenas o mais conhecido de todos os seus recordes e histórias fantásticas. Aos 75 anos, o rei dos gramados fez uma visita à Editora Abril, onde conversou com a reportagem de SAÚDE.

Como você conseguiu levar uma vida saudável ao longo de toda a sua vida?

É um processo de base. Primeiro que eu sou um homem de Três Corações [risos]. Graças a Deus eu tenho uma base muito boa. Meu pai sempre teve muita saúde e minha mãe tem 100 anos e está viva. Agora, como eu comecei a jogar futebol muito cedo, com 16 anos eu já estava no Santos e na seleção com 17, talvez isso tenha facilitado a minha alimentação e a minha saúde. Eu acho que o grande fator foi esse. A parte do esporte me ensinou a comer bem. Eu ainda tive a felicidade de nunca ter esses pequenos vícios, como bebida e cigarro. Até estava brincando na conversa anterior que, pouca gente sabe, com 50 anos eu fui num jogo com a seleção brasileira na Itália. Eu estava com 50 anos! É difícil você ver um jogador com tanta longevidade assim.

E a preocupação com o estresse, no dia a dia? Como você trabalha a saúde mental, que tanto se fala hoje?

Eu nunca tive essa pressão. O que eu tinha muito, e me ajudou bastante, foi a questão da confiança religiosa. Todas as vezes que o Santos excursionava, os caras ficavam todos cansados, não dormiam direito… E eu dormia. O pessoal brincava: “você não tem família, consegue dormir no avião, na viagem”. Eu acho que essa tranquilidade ajuda muito. Vários jogadores tinham problemas e ficavam nervosos por causa do voo, da comida. Eu, graças a Deus, não tive. Fui um privilegiado. Aliás, sou um privilegiado.

Mas e hoje em dia? Tem algum cuidado a mais que você toma?

Eu continuo com a mesma receita. Claro, eu continuo treinando. Só agora nesses últimos dois anos que eu fiz essas duas cirurgias, mas que também agradeço a Deus porque só depois que parei de jogar que tive esse problema sério. Eu sempre dormi cedo e procuro me alimentar bem. Agora que não tenho oportunidade de treinar faz dois anos e meio. Eu fiz a primeira cirurgia e depois tive que refazer em Nova York três meses atrás. Eu procurei fechar a boca porque agora não estou treinando. Mas eu sempre fui muito disciplinado nos treinamentos.

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E essa questão da recuperação da cirurgia? 

Eu tive um pouco de dificuldade porque refiz a primeira cirurgia e eu perdi muita massa muscular. Perdendo massa muscular e sem poder treinar, precisei começar a fechar a boca. Almoço normalmente, mas o jantar é só uma salada. Isso até eu voltar a poder fazer o condicionamento físico normal. Então, por enquanto, estou cuidando da comida mesmo.

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A gente ouve um monte de recomendações médicas. Mas tem alguns deslizes que você costuma fazer de vez em quando?

Eu sou muito disciplinado. Claro que não existe ninguém perfeito. Mas eu sou bem disciplinado em relação à minha saúde. De vez em quando durmo muito tarde, vou viajar e não descanso. A comida muitas vezes não é a mais indicada e a gente vai no embalo. Mas, normalmente, eu sou muito disciplinado.

Historicamente, se fala que você dava muita atenção ao treinamento físico. Hoje em dia, o jogador tem uma estrutura muito maior. Eu sei que é um exercício difícil de imaginar, mas já passou por sua cabeça como seria estar com essas infraestruturas atuais? O que seria o Pelé com todos esses recursos?

Eu mencionei aqui que eu joguei aos 50 anos com a seleção, em amistosos. Então eu acho que não teria muita mudança. O mesmo benefício da época eu teria agora. Muitos repórteres falam que o futebol de hoje é muito mais corrida, mais força, mais físico. Aí eu brinco: no meu tempo, quem corria era a bola. A gente fazia a bola correr e corria menos. Mas há uma preocupação de fazer essa comparação se o preparo físico de antigamente era igual. Era diferente. Mas o meu condicionamento sempre foi bom. E eu acho que, na época em que o preparo físico não era a coisa principal, minha vantagem estava no bom preparo. Esse era um diferencial.

Você é embaixador da causa do esporte com crianças e jovens. Como você vê esse cenário em que cresce o índice de obesidade, as crianças brincam menos, há muito recurso tecnológico… O que a gente pode fazer para dar uma mexida nisso?

Eu acho que hoje se pratica mais esporte que antigamente. Isso de uma maneira geral, nos colégios e nas universidades. Essa é uma preocupação que só o tempo vai dar resposta. É difícil você fazer uma comparação com o meu tempo de criança. Meu pai, por exemplo, foi jogador de futebol. Era o Dondinho, pouca gente sabe, principalmente os mais jovens. O Pelé fez mil e duzentos gols. O único recorde que o Pelé não quebrou foi o do meu pai: cinco gols de cabeça num jogo só. Isso é oficial, o recorde do meu pai no Bauru Atlético Clube. Eu sempre brinco que o pessoal quer fazer comparação de um tempo com o outro. É difícil fazer isso. Mas eu acho que tudo vem da própria disciplina.

E da família, não?

Isso, da base. Mas eu tenho que agradecer a Deus porque sempre tive muita sorte. Eu joguei 20 anos aqui, mais cinco anos no Cosmos, na seleção, e só tive uma fratura bem grave depois que parei de jogar.

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E agora está recuperando para voltar a jogar mais um pouquinho?

Voltar mais um pouquinho não. Você me lembrou de uma coisa que acho que pouca gente sabe. Eu comecei a jogar com 16 anos no Santos e na seleção brasileira com 17, durante a Copa do Mundo. Eu fui profissional muito cedo e, nessa época, profissionais não podiam participar das Olimpíadas. Era proibido. Por isso que eu nunca joguei as Olimpíadas. E por isso também que a gente nunca ganhou [risos]. Por coincidência, agora temos a Olimpíada no Brasil. E hoje em dia três profissionais com mais de 22 anos podem estar presentes. É a minha chance de retornar [risos]. Esse é um título que eu não tenho na minha carreira. Vou me preparar.

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Veja a entrevista na íntegra no vídeo abaixo:

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