Oportunidades e lacunas no cuidado à pessoa idosa no Brasil
Pesquisa mapeia iniciativas voltadas à promoção da saúde da geração prateada
Um país que envelhece em ritmo acelerado requer inovações para atender à crescente demanda de quem passa dos 60 anos.
E já há brasileiros trabalhando nesse sentido, como mostra um levantamento de cerca de 400 projetos, nos setores público e privado, que visam repensar o conceito e o acesso à longevidade por aqui.
O estudo, assinado pelo Lab Nova Longevidade, em colaboração com a ONG Ashoka, o Instituto Beja e o Itaú Viver Mais, descreve uma série de ações e equipamentos para assegurar direitos e cuidados de saúde física e mental entre os idosos.
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E também aponta os impactos sociais e econômicos do preconceito em relação à idade.
“O idadismo afasta as pessoas do mercado de trabalho, do ensino e da dinâmica das relações. Daí a importância de criarmos ecossistemas em que o indivíduo se sinta pertencente à comunidade”, diz o médico geriatra Milton Crenitte, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
A pesquisa avaliou projetos governamentais, da iniciativa privada, de organizações da sociedade civil, da academia, startups e produtores de conteúdo e mídia. O resultado fornece um raio-x dos esforços de diferentes setores da sociedade mobilizados em torno dos desafios e oportunidades do envelhecimento.
Com base no Censo de 2022, 10,9% da população brasileira têm 65 anos ou mais, representando uma crescimento significativo em relação às últimas décadas. Em 1980, esse grupo etário representava apenas 4%.
Com relação ao Índice de Envelhecimento, era de 55,2 em 2022, indicando que há 55,2 pessoas com 65 anos ou mais para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2010, o índice era de 30,7.
Esses números apontam para um acelerado envelhecimento populacional que, combinado com a revolução tecnológica, está redefinindo a forma como os idosos acessam serviços, interagem com suas comunidades e contribuem com a sociedade.
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“É essencial que haja agilidade para aproveitar essa oportunidade única de utilizar conhecimento, tecnologia e, acima de tudo, capital humano, para catalisar transformações rumo à ‘nova longevidade’. A filantropia, nesse contexto, assume uma visão estratégica para o uso do capital catalítico e é com grande alegria que o Instituto Beja vem participando dessa revolução. Vamos juntos construir uma nova narrativa”, destaca Cristiane Sultani, presidente do Instituto Beja.
O relatório do mapeamento traz análise de barreiras e aprendizados compartilhados pelas iniciativas mapeadas. Educação foi identificada pelo ecossistema como uma das principais barreiras para uma sociedade participativa e equitativa para todas as idades.