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Crianças com asma não têm risco maior de desenvolver Covid-19

Bom controle da asma e uso de corticoides nas crises e menor expressão de proteína que favorece o ataque do coronavírus estariam por trás da descoberta

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
Atualizado em 13 Maio 2022, 15h53 - Publicado em 12 Maio 2022, 17h08
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  • Logo no surgimento dos primeiros casos de infecção pelo coronavírus, no início de 2020, uma das principais preocupações dos pediatras era saber como ele se comportaria com as crianças asmáticas. A preocupação se justificava: a asma é a doença pulmonar crônica mais comum na faixa etária pediátrica e as crianças, em geral, são bastante afetadas pelos impactos das doenças respiratórias. Como o Sars-CoV-2 ataca justamente os pulmões, a comunidade científica decidiu pesquisar se essas crianças apresentavam maior risco para a Covid-19.

    A boa notícia é que não. Um amplo estudo publicado no periódico científico Pediatrics fez uma revisão retrospectiva dos dados de saúde de 46 900 crianças entre 5 e 17 anos nos Estados Unidos, e concluiu que a proporção de pequenos com asma que desenvolve a Covid-19 era semelhante à proporção dos sem asma. Os dados são referentes ao período de 1 de março de 2020 a 30 de setembro de 2021 e se referem ao período em que a variante Delta era predominante – a Ômicron foi identificada após esse período.

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    Segundo os pesquisadores, do total de registros analisados, 12 648 crianças foram testadas pelo menos uma vez para o coronavírus e 706 (5,6%) testaram positivo, sendo 350 (2,8%) com asma e 356 (2,8%) sem a doença. Apenas uma criança com asma precisou de hospitalização para tratar a doença.

    “O resultado desse trabalho é importante e bastante robusto. O que vimos durante a pandemia foi que o acometimento das crianças pela Covid-19, embora importante, teve uma incidência baixa em comparação com adultos e idosos. Há outros trabalhos que mostram que os asmáticos adultos tiveram mais complicações pela infecção e maior índice de mortalidade. Como em crianças a quantidade de casos era menor, os pesquisadores demoraram mais para ter um número suficiente para chegarem a essa conclusão”, afirmou o pediatra Celso Terra, que também é médico intensivista do Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Israelita Albert Einstein.

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    Entre as hipóteses apontadas pelos pesquisadores para esse achado envolvendo as crianças asmáticas estão o uso dos corticoides inalatórios – que reduziriam a inflamação que a doença provoca nos pulmões e também diminuiriam a replicação viral. “Quando estão em uma crise aguda, os asmáticos usam corticoide, que é um poderoso anti-inflamatório. Na alta incidência dos casos de Covid no Brasil e no mundo, um dos tratamentos para os pacientes foi o uso de corticoides”, lembrou Terra.

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    A segunda hipótese apontada pelos pesquisadores é que as crianças com asma teriam menor expressão da proteína ACE-2, que está associada ao início do processo inflamatório dentro do organismo pelo Sars-CoV-2. “Na teoria, o vírus teria menos condições de atacar esse organismo”, explicou o pediatra.

    Para Terra, os resultados desse estudo reforçam que as medidas universais de prevenção foram e continuam sendo fundamentais para o controle da pandemia: uso de máscaras, higienização das mãos e a vacinação. E que o controle adequado das doenças crônicas também é essencial para evitar complicações.

    “Esse trabalho nos mostrou que a Covid-19 não atinge as crianças com quadros pulmonares da forma como imaginávamos no começo da pandemia. Mas indicou também que, quanto mais bem cuidada e mais bem controlada estiver a asma dessas crianças, mais protegidas elas ficam”, finalizou Terra.

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    *Este conteúdo foi produzido pela Agência Einstein

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