Há alguns anos, a maior parte das crianças só conhecia o ambiente escolar no maternal ou até mesmo na pré-escola, o jardim de infância. Hoje, porém, é comum ver bebês de 6 meses a caminho da creche – tem pequeno que, aos 2 anos, já é um verdadeiro veterano na escolinha. Só que, apesar de necessária em muitas famílias, a entrada precoce nessas instituições deixa os adultos com o coração apertado e a cabeça cheia de caraminholas. “É natural a criança estranhar e chorar. Mas ela acaba entendendo que depois encontrará os pais novamente”, tranquiliza o pediatra Alberto Helito, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo.
A psicóloga Graça Maria Ramos de Oliveira, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), lembra que esse choro tende a cessar rápido – basta a criança deparar com um espaço acolhedor. Para que o pai e a mãe fiquem mais confiantes nesse momento, muitas instituições até permitem que eles acompanhem o início das aulas. “Mas o ideal é que observem os filhos de longe”, ensina o pediatra Jorge Huberman, do Instituto Saúde Plena, na capital paulista. Assim, não transmitem sua ansiedade ao filho.
Nessa fase, as faltas não interferem na adaptação do pequeno. Inclusive, para os bebês, tanto faz ir à creche ou receber estímulos dos pais em casa. Portanto, se houver a possibilidade de escolher, não há ponto negativo em mantê-lo no próprio lar. “Dificilmente a criança com menos de 2 anos terá prejuízo social se não for à creche“, esclarece Helito. “Agora, após essa idade ela precisa aprender sobre limites. E aí é fundamental estar em um ambiente escolar”, defende.
A despeito da idade do pequeno, alguns fatores são essenciais ao escolher a escolinha. Preste atenção, por exemplo, na quantidade de profissionais por aluno. Para Adriane Bacellar Duarte de Lima, também do Instituto de Psiquiatria da USP, essas pessoas precisam conhecer bem o que é esperado para cada faixa etária em termos de desenvolvimento. Sua colega Graça completa: “Para os mais novos, a escola deve ser interessante e divertida”. Isso garante não só a tranquilidade na chegada como a vontade de voltar no dia seguinte.
Talvez até eles fiquem mais doentinhos, o que gera certa culpa nos pais. “Mas a maioria das infecções é benigna e tem duração curta”, assegura Helito. “Aos 6 meses, a criança já tem proteção para doenças mais sérias”, completa. Ela só é mais suscetível àquelas contra as quais ainda não foi vacinada – daí a importância de manter a caderneta atualizada.
Já os problemas de fundo emocional, causados por uma dificuldade de adaptação, são raros. Nesse quesito, a preocupação não tem a ver com o período em que a criança fica fora. Para o pediatra, o que importa pra valer é a qualidade do tempo passado em casa, junto aos pais. Afinal, é nessa hora que a família cria os vínculos que ajudam a criança a encarar numa boa não só a entrada na creche como os outros desafios da vida.
Identifique uma creche bacana
Algumas características são cruciais ao espaço que recebe os pequeninos
Salas
Elas devem ser claras, limpas e ventiladas. As tomadas precisam permanecer tampadas.
Funcionários
É essencial que sejam conhecedores das etapas de desenvolvimento da criança de acordo com sua idade.
Móveis e afins
Quinas de mesas e qualquer objeto com ponta necessitam de proteção. Se houver piscina, tem que ficar coberta.
Materiais
É desejável que haja diversidade em termos de tamanhos, cores, texturas, sons e graus de dificuldade motora.