Dois cães positivos para o coronavírus no Brasil. O que isso quer dizer?
Universidade confirma dois casos de cachorros com coronavírus em Curitiba. Entenda como isso pode ser interpretado e os cuidados com o pet da família
Uma equipe da Universidade Federal do Paraná (UFPR) anunciou que detectou o vírus Sars-CoV-2 em dois cães que tiveram contato com pessoas positivas para o novo coronavírus. O achado é resultado de um projeto de monitoramento de animais de companhia realizado pela universidade em Curitiba, Belo Horizonte, Campo Grande, Recife, São Paulo e Cuiabá.
O projeto consiste em coletar amostras de animais de estimação de tutores que estão em isolamento domiciliar decorrente do diagnóstico confirmado da doença. As amostras são coletadas em dois momentos, com intervalo de sete dias, e avaliadas pela técnica RT-PCR, que identifica o vírus.
O primeiro caso de cão positivo no estudo foi de um buldogue francês de Curitiba. O animal dormia com o tutor que estava com a doença e apresentou discreta secreção nasal. O segundo teste realizado no animal já se mostrou negativo .
O segundo caso foi o de um cão adulto sem raça definida de uma tutora que testou positivo para o Sars-CoV-2. Todos os moradores humanos da casa testaram positivo e, dentre os quatro cães da família, apenas em um se confirmou a presença do vírus.
Antes disso, uma gatinha foi o primeiro pet confirmado como positivo para o vírus no Brasil — o caso também foi identificado pela UFPR. Os cientistas trabalham no sequenciamento genético do coronavírus encontrado nesse felino para entender qual estirpe pode contaminar os animais e compreender melhor o comportamento da doença.
Estudos nacionais e internacionais de avaliação de animais domésticos, como o da UFPR, são importantíssimos para um correto monitoramento da epidemia no Brasil e no mundo. Eles auxiliam a detectar precocemente eventuais mutações e a entender toda a cadeia de transmissão.
Até o momento está claro para os cientistas que casos positivos do novo coronavírus em animais de companhia são raros. E o fato de estar com o vírus não quer dizer que eles fiquem doentes ou sejam transmissores. Por ora, tudo leva a crer que gatos são mais suscetíveis e poderiam transmitir entre si, fenômeno relacionado à semelhança dos receptores celulares para o patógeno entre felinos e humanos. Os cães parecem mais resistentes e não há evidências mostrando que podem passar o vírus entre eles.
Os novos dados sedimentam a ideia de que os pets podem ser contaminados por humanos, e não o inverso. Isso reforça a importância de usar a máscara e manter distanciamento dos animais de estimação se alguém em casa estiver positivo para o coronavírus. Assim prevenimos a contaminação na família toda, os bichos incluídos.