Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Guenta, Coração

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Médicos, nutricionistas e outros profissionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) explicam as novas (e clássicas) medidas para resguardar o peito
Continua após publicidade

O papel do coração na medicina chinesa

Para além de uma bomba sanguínea, o órgão é entendido como a morada de mente. Problemas nele poderiam, inclusive, ter origem emocional

Por Daniel Dei Santi, cardiologista*
Atualizado em 30 out 2021, 11h06 - Publicado em 30 out 2021, 11h05
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Você quebrou meu coração”. “Meu coração é seu”. “Este coração pulsa por você”. Acredite: essas e outras célebres frases apaixonadas contêm mais ciência e sabedoria do que romantismo. E a justificativa para essa representação passional pode ser explicada pela Medicina Tradicional Chinesa, para a qual o coração vai além de uma bomba sanguínea. Ele é entendido como a morada da mente, sendo um catalisador das emoções e da psique.

    Para os chineses, o shen – palavra que pode ser traduzida por espírito ou alma – aloja-se no coração porque ali está o habitat das funções ativas da consciência, abrigando sentimentos, desejos, imaginação, intelecto e memória dos eventos passados.

    Ao irrigar o corpo por meios dos vasos, o shen ganha trânsito livre, levando as energias e vibrações aos demais órgãos. De acordo com seu funcionamento, contribui para a boa saúde ou influencia no mecanismo das doenças. Trata-se de uma maneira plural de pensar o corpo em conexão com a mente.

    Na Medicina Tradicional Chinesa, cada elemento da natureza representa um órgão do corpo em função de suas características. O coração está vinculado ao elemento fogo; a água designa rins e bexiga; a madeira representa o fígado e a vesícula biliar; a terra simboliza baço, pâncreas e estômago; e o elemento metal caracteriza o pulmão.

    Coração em festa

    A medicina chinesa também entende que cada uma das cinco grandes emoções se origina em um órgão, cabendo ao coração ser o receptáculo da alegria. Por isso, quando ouvimos algo como “meu coração está em festa”, não necessariamente estamos usando uma metáfora.

    + LEIA TAMBÉM: Acupuntura pode aliviar as dores do câncer, segundo revisão

    Em contrapartida, analisando pela visão oriental, o fato de não darmos atenção à prevenção das doenças cardiovasculares, responsáveis por cerca de 30% de todas as mortes no país, com 400 mil óbitos por ano – dados da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp – sugere a possibilidade de um desequilíbrio no quesito emocional.

    Continua após a publicidade

    Se a pessoa está deprimida, triste ou apática, sua energia estará em baixa e, assim, podemos entender que a capacidade de enfrentar doenças graves, como uma cardiopatia, se manterá reduzida.

    Ao passo que, quando há equilíbrio emocional – que pode ser buscado na fé, inclusive – existe um elemento a mais na forma de enfretamento de doenças, que irá refletir nos sistemas nervoso e hormonal. Aí tudo tende a fluir melhor.

    Já o medo está vinculado aos rins; a tristeza ao pulmão; a preocupação ao baço; e a raiva ao fígado. Essas emoções são passíveis de afetarem o funcionamento psíquico e dos demais órgãos, fazendo com que surjam síndromes e patologias quando há desarmonia.

    Só conseguimos entrar em harmonia física e mental quando os órgãos – e suas respectivas emoções, influenciadas por elementos da natureza – se equilibram. Não por acaso, a definição de saúde da Organização Mundial da Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual.

    Continua após a publicidade

    Mas, mesmo sendo essa uma máxima para todas as formas de medicina praticadas no mundo, a ocidental ainda fragmenta o ser humano na hora de tratá-lo. Ela valoriza o plano físico em detrimento dos demais e, ao encontrar resultados fora do que se estabeleceu como padrão geral, ministra tratamentos específicos para determinado sintoma ou órgão.

    + Assine VEJA SAÚDE a partir de R$ 12,90 mensais

    Quando não encontramos as causas das doenças em exames, por mais tecnológicos e sofisticados que sejam, pode ser que a resposta não venha por meio de métodos com os quais estamos tão acostumados em nossa prática clínica.

    Apesar de a medicina ocidental também considerar o funcionamento do corpo humano como sistemas interligados, o raciocínio lógico dos chineses – que para nós pode parecer estranho – justifica a origem das doenças na desarmonia e no desbalanço global do sistema, em todas as suas dimensões de complexidade. Ela leva em conta a possibilidade de que a doença que se manifesta no coração, por exemplo, pode ter começado em uma emoção.

    Os cuidados paliativos

    O termo paliativo é derivado da palavra latina pallium, como era conhecido o manto que os cavaleiros medievais usavam para se proteger das tempestades. Em medicina, quando falamos em cuidados paliativos, também estamos nos referindo a uma forma de proteção, com o objetivo amenizar a dor e o sofrimento, sejam eles de origem física, psicológica, social ou espiritual.

    Continua após a publicidade

    A expansão da área de cuidados paliativos como especialidade médica pode significar um importante elo entre a medicina ocidental e a oriental, uma vez que o cuidado multidimensional está em consonância com a maneira com que os profissionais de saúde praticam a Medicina Tradicional Chinesa, sempre considerando o lado emocional dos pacientes.

    A acupuntura, por exemplo, é uma das técnicas da cultura chinesa já incorporada como prática em cuidados paliativos.

    É fato que a medicina ocidental, há algum tempo, já caminha para um entendimento mais dialético entre corpo e mente: a medicina pragmática tende a abrir espaço para a espiritualidade e para uma visão mais integrativa dos pacientes. Hoje, já se considera cientificamente que emoções têm relação com distúrbios do aparelho digestivo, como a doença de Crohn, e até problemas de pele, como a psoríase.

    Ao olharmos para o indivíduo de maneira global, compreendendo que a verdadeira causa das doenças pode estar além do óbvio, não só ampliamos as chances de tratamento, como abrimos mais portas para ações preventivas que trabalhem para o equilíbrio saudável do ser humano, trazendo bem-estar e qualidade de vida.

    Continua após a publicidade

    *Daniel Dei Santi é cardiologista e integra o grupo de estudos de Cuidados Paliativos da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.