Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Guenta, Coração Por Blog Médicos, nutricionistas e outros profissionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) explicam as novas (e clássicas) medidas para resguardar o peito
Continua após publicidade

Alimentação é aliada no controle da insuficiência cardíaca

O padrão alimentar é cada vez mais decisivo na prevenção e no tratamento de doenças graves

Por Juliana Kato e Luciene de Oliveira, nutricionistas*
14 fev 2023, 08h57
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Imaginem uma bomba d´água, construída justamente para a finalidade de levar o recurso a uma série de famílias, mas que, por algum defeito, não consegue cumprir a tarefa com eficiência. O resultado será o abastecimento irregular das casas. O coração é essa “bomba” e um dos “defeitos” é a insuficiência cardíaca (IC), uma síndrome clínica que impossibilita o órgão de bombear sangue suficiente para todas as necessidades do corpo.

    Publicidade

    A insuficiência cardíaca é classificada como doença secundária, uma vez que é consequência de outras patologias prévias, como doenças arteriais coronarianas (infarto), hipertensão, fibrilação atrial, doença renal, doença pulmonar crônica, miocardite, obesidade, doença de chagas e distúrbios da tireoide.

    Publicidade

    A gravidade da insuficiência cardíaca se traduz em números: mesmo com a tecnologia dos medicamentos, que já comprovaram redução de óbitos e estabilização do quadro, ela afeta mais de 23 milhões de pessoas no mundo.

    Após cinco anos de diagnóstico, a sobrevida é de apenas 35%, ou 17,4% em pacientes acima dos 85 anos. Dependendo das características, estima-se que até 80% dos homens e 70% das mulheres morram em até oito anos.

    Publicidade

    No Brasil, é uma das principais causas de óbito, e é a primeira responsável por internação após os 65 anos.

    + Leia também: Aperto no peito dentro do avião? Saiba o que fazer

    Publicidade

    Além da caixinha de remédios

    Muito embora os remédios sejam condição sine qua non para controlar a insuficiência cardíaca, cuidados com a alimentação, com dietas prescritas caso a caso, contribuem para minimizar sintomas e melhorar a qualidade de vida, uma vez que a doença não tem cura.

    Continua após a publicidade

    Quando falamos em insuficiência cardíaca avançada, duas orientações dietéticas ficam no topo da lista: o controle do consumo de sal e também de líquidos.

    Publicidade

    A recomendação para o consumo saudável de sal, segundo a OMS, é de uma colher de chá por dia (5 gramas) para a população em geral, mas pode chegar a apenas 2 gramas diários quando a patologia está fora de controle.

    Estudos comprovam que a intervenção conduzida por nutricionista, com restrição de sódio de 2 a 3 gramas/dia, melhora, inclusive, o inchaço de membros inferiores, sintoma comum entre os pacientes.

    Publicidade

    Um padrão alimentar saudável, com a adoção de dietas como a DASH ou Mediterrânea, ricas em antioxidantes e potássio, é indicada para atingir a restrição de sódio sem comprometer a qualidade nutricional.

    + Leia também: Gorduras em foco: quem é quem no cardápio nosso de cada dia?

    Já em relação aos líquidos, os internados por desequilíbrio da doença devem consumir só de 800 a 1 500 ml ao dia.

    Continua após a publicidade

    Entretanto, para manter o conforto do paciente, cabe ao nutricionista encontrar um caminho para adequar essa quantidade de líquido permitida às preferências para matar a sede: águas, sucos, chás, caldos e frutas suculentas. Tudo entra na contagem do dia.

    E nem pensar em bebidas alcóolicas, que desidratam ainda mais e, em excesso, prejudicam a função cardíaca.

    Nunca é demais lembrar que o tabagismo – que piora as condições cardiovasculares – deve ser extinto por todos.

    A obesidade e o excesso de peso estão associados a diversas comorbidades, como hipertensão, dislipidemias e diabetes, que aumentam o risco de problemas cardiovasculares. Além disso, estão relacionados a alterações hemodinâmicas e anatômicas capazes de contribuir para o desenvolvimento da insuficiência cardíaca.

    Compartilhe essa matéria via:

    Por isso, o controle do peso e dos fatores de risco, por meio da adoção de hábitos de vida saudáveis, é fundamental para a prevenção do quadro.

    Continua após a publicidade

    Mas, atenção: a necessidade de emagrecimento para pessoas desse grupo deve ser cuidadosamente avaliada pela equipe multidisciplinar.

    Condições associadas

    Além das alterações cardíacas, certas condições clínicas podem estar ligadas à insuficiência cardíaca.

    A anemia é um exemplo: ela leva ao agravamento do quadro cardíaco e se associa a um pior prognóstico do paciente. Para o tratamento, recomenda-se alimentação rica em ferro, ácido fólico, vitamina B12 e vitamina C. Não raro também será necessária a reposição intravenosa de ferro.

    O mesmo acontece com a insuficiência renal. A falha cardíaca em si pode prejudicar os rins – e as altas doses de diuréticos ministrados durante a hospitalização pioram ainda mais o cenário.

    Porém, as equipes de nutrição não recomendam restrição proteica severa, como normalmente é indicado para quem tem insuficiência renal, devido alto risco de desnutrição dos hospitalizados por insuficiência cardíaca. Mas o consumo deve ser orientado para que não haja sobrecarga aos rins.

    Continua após a publicidade

    A fibrilação atrial, um tipo de arritmia comum nos pacientes com insuficiência cardíaca, leva ao aumento do risco de complicações tromboembólicas, como o AVC isquêmico, e vai requerer anticoagulantes via oral.

    + Leia também: O impacto da nova rotulagem dos alimentos na saúde do coração

    Nesse caso, o acompanhamento nutricional é essencial, uma vez que o consumo de alimentos contendo vitamina K (como óleos vegetais e folhas verdes escuras) interfere no efeito de alguns anticoagulantes.

    Já entre os alimentos bem-vindos, estudos nutricionais apontam a utilização do ômega 3 – ele é encontrado em peixes como o salmão, atum, sardinha, sementes e castanhas. Em pacientes com insuficiência cardíaca, a suplementação com essa gordura proporcionou um pequeno benefício, com redução de mortes e hospitalizações por causas cardiovasculares.

    Trabalhos assim apontam para uma direção: a nutrição é cada vez mais uma ferramenta com a qual a medicina deve contar para melhorar as condições gerais dos pacientes, mesmo quando o assunto é uma doença grave, como a insuficiência cardíaca.

    O Departamento de Nutrição da SOCESP elaborou um e-book sobre o tema, que faz parte de uma coletânea de livros gratuitos que estão sendo disponibilizados com o objetivo de fornecer mais conhecimento e qualidade de vida à população. Para acessá-lo, clique aqui.

    Continua após a publicidade

    *Juliana Kato é nutricionista e diretora executiva do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) e Luciene de Oliveira é nutricionista e diretora científica do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP)

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.