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Médicos, nutricionistas e outros profissionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) explicam as novas (e clássicas) medidas para resguardar o peito
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65% das pessoas acima dos 60 anos são hipertensas

A hipertensão arterial está associada a 45% das mortes por doenças cardíacas e a 51% dos óbitos por problemas cerebrovasculares

Por Luciano Drager, cardiologista*
Atualizado em 18 nov 2021, 16h08 - Publicado em 18 nov 2021, 16h06
hipertensão
Verificar a pressão com frequência e do jeito certo é essencial para flagrar a hipertensão e proteger a saúde. (Foto: Mufid Majnun/Unsplash/Divulgação)
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Quando a longevidade não carrega na bagagem uma vida saudável, a conta não fecha. É assim quando o assunto é hipertensão arterial. Em torno de 65% dos indivíduos acima dos 60 anos apresentam pressão alta, sendo que as mulheres são mais acometidas do que os homens nessa faixa etária.

A hipertensão está associada a 45% das mortes cardíacas e 51% dos óbitos por doenças cerebrovasculares. Em outras palavras, cerca de metade das vítimas das doenças do coração ou de acidente vascular cerebral tem por vilã a pressão não controlada.

Com o envelhecimento, a pressão arterial sistólica torna-se um problema mais significativo devido ao enrijecimento progressivo e a perda de complacência das grandes artérias. E a tendência é que essa situação se agrave nas próximas décadas, considerando a transição epidemiológica que o Brasil atravessa, com um número cada vez mais representativo de idosos, promovendo um incremento substancial de pacientes com a hipertensão.

A doença tem como pano de fundo fatores genéticos, ambientais e sociais. Em adultos, é caracterizada por elevação persistente da pressão, com PA sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica maior ou igual a 90 mmHg. Estas aferições devem ser feitas com a técnica correta em pelo menos duas ocasiões diferentes.

Importante também destacar a necessidade de realizar medidas fora do ambiente do consultório para excluir a chamada “hipertensão do avental branco”.

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Infelizmente, grande parte dos pacientes procura ajuda muito tarde porque, na maioria das vezes, a hipertensão só “mostra as garras” em estágio avançado, quando já comprometeu órgãos-alvo como coração, cérebro, rins e olhos.

AVC, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, doença renal crônica, retinopatia (que pode levar à cegueira definitiva) e comprometimento dos vasos sanguíneos (causa de aneurisma, por exemplo), estão entre os danos provocados por essa condição.

A relevância da doença na saúde dos brasileiros fez do tema a pauta exclusiva da terceira edição deste ano da Revista da SOCESP. A publicação científica destaca, em mais de uma dezena de artigos, o diagnóstico, as diferentes estratégias para aferir a pressão arterial, indicações sobre exames complementares para pacientes hipertensos, definições em relação à pressão alta resistente, principais causas e abordagem, além de desvendar mitos relacionados às crises hipertensivas e mostrar a diferença entre urgência e emergência.

Essa edição é um verdadeiro guia do que há de mais atual sobre a doença, elaborado por lideranças cardiológicas e por profissionais da saúde dos seguintes departamentos da SOCESP: Educação Física, Farmacologia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia e Serviço Social. Afinal, o enfrentamento da hipertensão é multiprofissional.

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Risco de morte x possibilidade de vida

Criar o hábito de medir a pressão com frequência e de forma correta: esse simples gesto indolor pode ser a diferença entre viver e morrer. Em muitos casos, o avanço “silencioso” do problema mantém o paciente assintomático até a eclosão de um dos eventos graves.

Apesar das evidências dos malefícios que a pressão descontrolada desencadeia, via de regra as pessoas não têm como rotina este cuidado simples, negligenciando o diagnóstico e o tratamento da hipertensão.

Mas essa realidade precisa mudar. Uma vez diagnosticada, a estratificação de risco cardiovascular torna-se fundamental para servir de base para o estabelecimento de metas terapêuticas, que incluem desde fármacos até mudança no estilo de vida, como alimentação mais saudável e atividade física. Quando controlada com medidas medicamentosas e não medicamentosas, a hipertensão arterial pode apresentar uma boa evolução, sem grandes complicações.

Como se vê, pequenas ações do dia a dia contribuem drasticamente para que a doença seja controlada e abra espaço para a qualidade de vida, independentemente da idade.

*Luciano Drager é diretor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP, diretor da Unidade de Hipertensão da Disciplina de Nefrologia da FMUSP e professor Associado do Departamento de Clínica Médica da FMUSP.

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