Ao longo dos mais de dois anos de pandemia, há evidências científicas mais do que suficientes de que o diabetes é um fator de pior prognóstico em indivíduos contaminados pelo coronavírus. Em resumo: uma pessoa com diabetes tem maior risco de enfrentar as formas graves da Covid-19.
Pois um estudo publicado em janeiro de 2022, a partir de duas grandes bases de dados norte-americanas, avaliou o caminho inverso, ou seja: o impacto da pandemia de Covid-19 no número de novos casos de diabetes.
Na primeira base de dados, chamada de IQVIA database, foram avaliados mais de 81 mil casos de Covid-19 de março de 2020 a fevereiro de 2021. As crianças contaminadas pelo Sars-CoV-2 apresentaram um risco 166% maior de desenvolver diabetes em comparação com quem não teve contato com o vírus.
De forma interessante, os pesquisadores ainda compararam o risco de diabetes entre crianças que tiveram quadro de síndromes respiratória agudas antes da pandemia versus crianças que encararam a Covid-19. E pasmem: ainda assim o risco de diabetes foi 116% maior naqueles que positivaram para o coronavírus.
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Em outra grande base de dados chamada Health Verity, a probabilidade de meninos e meninas infectados pelo Sars-CoV-2 serem depois diagnosticados com diabetes foi 31% maior do que naquelas crianças que não tiveram Covid-19.
Em ambas as bases de pesquisa, o risco de diabetes apareceu aumentado em todas as faixas etárias até os 18 anos – idade limite do estudo.
O que não se sabe, porém, é o mecanismo pelo qual a Covid eleva a probabilidade de alguém desenvolver diabetes. Assume-se que, em crianças, a grande parte dos diagnósticos desses estudos foi de diabetes tipo 1, que tem causa autoimune e é o tipo mais comum na infância e adolescência.
Algumas hipóteses recaem sobre fatores como destruição das células produtoras de insulina (localizadas no pâncreas), inflamação generalizada induzida pela Covid-19, uso de corticóides na internação e o gatilho para a autoimunidade – isto é, o vírus estimula o próprio sistema imunológico do paciente a destruir o pâncreas.
Pesquisas já estão sendo conduzidas para explicar esse elo e, em breve, teremos maiores certezas. Mas, de qualquer maneira, o melhor é ajudar nossas crianças e nossos adolescentes a se prevenirem contra a Covid-19, com uso correto de máscaras, higienização das mãos, distância de aglomerações e vacinação naqueles com idade igual ou superior a 5 anos.
Agora, se o menino ou a menina já pegou Covid-19, devemos ficar atentos ao risco de diabetes, fazendo exames periódicos de glicose e observando possíveis sintomas da doença, como emagrecimento, exagero no consumo de água, urina em excesso, turvação visual e maior sensação de fome.