Novo remédio pode reduzir em 94% risco de pré-diabetes virar diabetes
Estudo com pacientes com sobrepeso ou obesidade apresentado em congresso nos Estados Unidos mostra resultados sem precedentes
Segundo dados de 2021 da Federação Internacional de Diabetes, temos no Brasil cerca de 21 milhões de adultos com pré-diabetes. Trata-se de uma condição intermediária, em que a glicose no sangue não está nem em níveis considerados normais nem em níveis elevados como o de quem tem diabetes.
Mas engana-se quem pensa que o pré-diabetes é uma pré-doença. Esta condição per se já aumenta o risco de mazelas cardiovasculares, neuropatias e doenças da retina. Tudo isso além, é claro, de abrir o caminho para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 propriamente dito.
Não por acaso, o elevado número de pessoas com pré-diabetes acompanha a população crescente de pessoas com obesidade, especialmente abdominal. Isso porque o excesso de peso está ligado à síndrome metabólica, que tem como uma de suas principais marcas o desequilíbrio nos níveis de glicose.
+Leia também: Pré-diabetes não é uma pré-doença
Neste mês de novembro, tivemos uma boa notícia vinda do congresso Obesity Week, realizado em San Antonio, Estados Unidos. Um grupo de cerca de 1 mil participantes com obesidade ou sobrepeso e que também tinham pré-diabetes foi acompanhado por um período aproximado de 3,5 anos.
Parte dos participantes utilizou tirzepatida subcutânea semanal e outra parte utilizou um placebo, aplicado do mesmo modo. Ambos os grupos foram orientados a melhorar a alimentação e praticar atividades físicas regularmente.
No fim do acompanhamento, os voluntários que receberam a tirzepatida apresentaram redução de peso de 22,9% na maior dose (15mg semanal), versus uma redução de 2,1% no grupo placebo. Sem dúvida, tal efeito na balança foi um dos mais importantes responsáveis pela prevenção da evolução do pré-diabetes para diabetes. Ao final do estudo conseguiu-se reduzir este risco em 94%.
E tem mais. Ao fim de 3,5 anos, os níveis de glicose retornaram à faixa de normalidade em mais de 90% dos participantes.
Isso nos leva a pensar. Seriar possível suspender o uso da tirzepatida após atingir tamanhos resultados? Após o término do seguimento, os participantes foram acompanhados por mais 4 meses sem medicamentos, e observou-se em boa parte deles o reganho de peso e perda do benefício nos níveis de glicose.
Essa questão já havia sido levantada em outros estudos, reforçando o concento de tratamento crônico de uma condição crônica. Além dos benefícios no pré-diabetes, este estudo confirmou os benefícios na redução da pressão arterial e de triglicérides.
Quanto à segurança, a droga foi bem tolerada, sendo que os efeitos adversos mais comuns foram náuseas, diarreia ou constipação intestinal, mas numa intensidade leve a moderada e com duração transitória.
Apesar da ação no pré-diabetes ser devida principalmente à questão do peso, outros mecanismos podem estar envolvidos, como aumento de produção de insulina, redução da resistência insulínica e ação anti-inflamatória do medicamento.
Enquanto a tirzepatida não chega ao Brasil, precisamos destacar que uma alimentação saudável e exercícios regulares já são o suficiente para controlar o pré-diabetes em muitos indivíduos. Exames e check-ups periódicos são necessários para o correto diagnóstico da condição, que é completamente assintomática.