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O Futuro do Diabetes

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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes

Finerenona mostra ação promissora contra doença renal no diabetes tipo 1

Estudo mostra que medicamento pode reduzir em até 25% a perda de proteína na urina e abrir uma nova era no tratamento desta condição

Por Carlos Eduardo Barra Couri
6 nov 2025, 18h00
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Novos medicamentos para preservar danos nos rins foram aprovados nos últimos anos (Foto: Veja Saúde/Reprodução)
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Um avanço histórico oferece esperança a quem convive com o risco de doença renal crônica (DRC).

Por mais de três décadas, pessoas que vivem com diabetes tipo 1 e DRC aguardam por uma inovação capaz de mudar o curso de uma das complicações mais graves da doença.

Essa espera pode estar chegando ao fim com os resultados do estudo FINE-ONE, que revelaram o impacto positivo da finerenona — um novo medicamento que atua na proteção dos rins — em adultos com diabetes tipo 1.

O desafio da doença renal na diabetes tipo 1

A diabetes tipo 1 é uma condição autoimune caracterizada pela destruição das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Apesar dos avanços tecnológicos no monitoramento e no controle glicêmico, o risco de complicações crônicas continua alto.

Entre essas complicações, destaca-se a doença renal crônica associada ao diabetes tipo 1, que afeta cerca de 30% das pessoas com DM1. Desses, até um quarto pode evoluir para insuficiência renal terminal, exigindo diálise ou transplante. Além do impacto sobre os rins, a DRC aumenta de forma significativa o risco de doenças cardiovasculares e é uma das principais causas de morte nesse grupo de pacientes.

Até hoje, o tratamento se baseava em controlar glicemia, hipertensão arterial e albuminúria com medicamentos clássicos como inibidores da ECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina (ARBs).

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No entanto, as opções terapêuticas eram limitadas e nenhum medicamento específico havia sido aprovado para retardar a progressão da DRC em pessoas com diabetes tipo 1 — até o surgimento da finerenona no FINE-ONE.

O que o estudo FINE-ONE descobriu

O FINE-ONE é um estudo clínico de fase III (o último antes da aprovação do medicamento) conduzido em mais de 80 centros de pesquisa de nove países. Ele avaliou 242 pessoas com diabetes tipo 1 e doença renal crônica, que receberam finerenona diariamente ou placebo, além do tratamento padrão.

O objetivo principal foi avaliar a mudança na quantidade de proteína expelida na urina — um importante marcador de lesão renal.

Após seis meses, os resultados foram claros: a finerenona reduziu a quantidade de proteína na urina em 25% em relação ao valor inicial, e 68% dos pacientes tratados alcançaram uma redução de pelo menos 30% nessa quantidade de proteína — índice reconhecido pela Associação Americana de Diabetes (ADA) como associado à progressão mais lenta da doença renal.

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Esses resultados tornam a finerenona o primeiro medicamento em mais de 30 anos a mostrar eficácia significativa contra a progressão da doença renal crônica em pacientes com diabetes tipo 1.

A molécula já havia demonstrado resultados consistentes em pacientes com diabetes tipo 2, comprovando a redução do risco de insuficiência renal e de eventos cardiovasculares. O FINE-ONE, por sua vez, amplia esse conhecimento para a população com diabetes tipo 1, até então sem alternativas terapêuticas específicas.

+Leia também:Salve seus rins: como prevenir e controlar a doença renal crônica

Segurança e tolerabilidade

O medicamento foi bem tolerado pelos participantes. O perfil de segurança da finerenona foi consistente com estudos anteriores. Casos de elevação de potássio foram mais frequentes no grupo que recebeu o medicamento (10,1%) do que no grupo placebo (3,3%), mas nenhum caso fatal foi registrado e as taxas de interrupção do tratamento foram baixas.

Esses resultados reforçam o perfil de segurança favorável da finerenona e sua viabilidade como opção terapêutica para pessoas com diabetes tipo 1 e doença renal crônica.

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Para o professor Hiddo Lambers Heerspink, da Universidade de Groningen, que liderou o estudo, os resultados representam um “marco histórico” na nefrologia: “A redução da quantidade de proteína na urina está fortemente associada à diminuição dos eventos renais e cardiovasculares. Os resultados do FINE-ONE trazem uma nova esperança para os pacientes que enfrentam um alto risco de perda da função renal.”

Segundo Thyago Moraes, nefrologista da PUC do Paraná e coordenador do comitê de doenças renais da Sociedade Brasileira de Diabetes, após décadas sem avanços terapêuticos para pessoas com doença renal associada ao diabetes tipo 1, o estudo FINE-ONE renova as esperanças no manejo dessa condição, confirmando um benefício já demonstrado previamente em pessoas com diabetes tipo 2.

Um novo capítulo para o tratamento renal

Com base nesses resultados, a expectativa é que tenhamos em breve a indicação formal de finerenona em bula para tratamento da doença renal crônica associada ao diabetes tipo 1.

Se aprovada, a terapia poderá representar o primeiro avanço real em mais de 30 anos na prevenção da progressão da doença renal nessa população — e um novo capítulo na integração entre cardiologia e nefrologia de precisão.

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