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Pediatras e outros experts da Sociedade de Pediatria de São Paulo discutem e ensinam medidas básicas para a criançada se desenvolver com saúde
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Atrasos no desenvolvimento da fala: como notar e contornar

A demora para soltar algumas palavras exige atenção. Mas, diagnosticando o problema cedo, as chances de revertê-lo são bem maiores

Por Dra. Adriana Monteiro de Barros Pires, pediatra*
6 set 2018, 13h01
Criança que não fala ou fala errado: o que fazer?
A fala é um dos sinais de desenvolvimento da criança (Foto: Alex Silva/A2 Estúdio)
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Seu filho não está falando? Você está desconfiado que ele está atrasado para falar? Não dá para entender quase nada do que ele diz? Vamos ver como podemos ajudar.

A linguagem é um conceito amplo da comunicação. É a capacidade de o indivíduo expressar suas ideias, suas vontades, suas emoções. Isso pode ser feito através da fala, mas também com gestos, olhares, sons e escrita.

O desenvolvimento da linguagem começa muito antes de a criança emitir suas primeiras palavras. Com 6 a 9 meses, ela já passa a balbuciar sílabas repetidas – “bababa”, “mamama”.

Entre 10 a 12 meses, observamos o aparecimento dos gestos com significado, como dar tchau, esticar os braços quando quer o colo ou apontar para algo que deseja.

Ao redor de 13 a 15 meses, a criança ainda pode não proferir palavras, mas ela já brinca de falar. Emite sons, às vezes sem significado, como se estivesse querendo comunicar algo.

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Quando esperamos que uma criança fale palavras? Algumas já ensaiam antes dos 12 meses de idade. O mais comum, no entanto, é que isso ocorra entre 12 e 18 meses.

Ao redor de 2 anos, o vocabulário tem entre 50 a 100 palavras, e, a partir de então, aumenta em uma velocidade tão rápida que até perdemos a conta.

Quando procurar ajuda

Se seu filho tem 18 meses e ainda não fala ou se passou dos 2 anos e emite poucas palavras, atenção: alguma coisa pode estar errada. Converse com seu pediatra para procurar ajuda especializada.

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É comum escutarmos que cada criança se desenvolve no seu tempo e que depois ela recupera o atraso. Mas é preciso cuidado. Um atraso real não diagnosticado pode gerar outros problemas e a perda de tempo precioso para iniciar um tratamento o mais brevemente possível.

Entre outras coisas, fique atento a esses três pontos:

1) Você nota que seu filho escuta bem? O teste da orelhinha ao nascimento foi normal? Ele teve muitas infecções ou dores no ouvido?

Para aprender a falar, é preciso ouvir bem e ser capaz de diferenciar os sons. Se você desconfia que seu filho não ouve, ou que não escuta muito bem, converse com o pediatra para ver a necessidade de um exame de audição.

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2) Como está o desenvolvimento do seu filho? Ele começou a andar antes dos 14 meses, e brinca com os brinquedos de uma forma adequada? Se interessa por outras crianças?

A fala não evolui isoladamente. É importante observar como está o desenvolvimento de uma forma geral.

3) Existe algum sinal sugestivo do espectro autista?

O atraso na fala é apenas um dos sinais. Outros podem ser sutis, como ter dificuldade para olhar nos olhos, usar brinquedos de forma diferente, adquirir manias esquisitas.

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Ou mesmo não responder quando chamado, fazer movimentos repetitivos, não utilizar gestos como “apontar” e ter pouco interesse por expressões de emoções (não emitindo sorrisos em resposta às gracinhas dos pais). Os pequenos com esse quadro também não buscam ativamente a interação com outras pessoas, mesmo pais e irmãos.

Se alguma dessas três questões disparar um sinal de alerta, é necessário buscar auxílio para o diagnóstico e início do tratamento especializado o mais rapidamente possível.

Agora, é importante não confundir o ato de não falar com o de falar errado. É comum as crianças trocarem os sons quando estão experimentando as primeiras palavras.

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Acima dos 2 anos de idade, se há uma fala muito errada que ninguém entende, ou se, acima de 3 anos, a fala tem muitas trocas de letras, é preciso consultar um pediatra, que pode indicar avaliação fonoaudiológica. Não se deve aguardar até os 4 anos de idade para procurar auxílio profissional!

No mais, ajude seu filho a desenvolver a fala. Converse com ele o tempo todo, conte histórias desde bebê, cante músicas com gestos para acompanhar o som. Narre ações do dia a dia, descreva o que estão vendo ou fazendo juntos. E, até os 2 anos de idade, evite o uso de TV, tablets e celulares, que não promovem estímulos adequados.

*Dra. Adriana Monteiro de Barros Pires é vice-presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SPSP

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