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“Apaguei ao volante e bati o carro em consequência do burnout”

Mesmo sendo um profissional da saúde mental, o psicólogo Lucas Franco Freire não identificou os sintomas do esgotamento profissional a tempo

Por Lucas Franco Freire, psicólogo que teve burnout*
10 set 2023, 11h33
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  • Quando abri os olhos, me vi cercado de pessoas estranhas. Minha visão estava turva, como se estivesse tentando enxergar através de um vidro embaçado, mas reparei que o volante do carro estava solto no meu colo.

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    Com o coração acelerado, tentava juntar as peças e entender o quebra-cabeça da situação. Foi então que ouvi o choro da minha namorada, hoje minha esposa. Do lado de fora uma voz gritou: “Fique calmo! O Samu já está chegando!”.

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    Aquele acidente foi a gota d’água, a clara manifestação de que meu corpo e minha mente já estavam sobrecarregados, desgastados, exauridos.

    Mesmo sendo psicólogo, negligenciei todos os sinais de alerta. A queda de cabelo e barba, uma gastrite que não passava, o cansaço extremo, a irritabilidade constante, a sensação de estar em um abismo sem fim, as noites mal dormidas… O estresse era crônico. Dormir ao volante e bater o carro foi a consequência final.

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    + Leia também: É preciso reverter a cultura do burnout

    Naquela época, trabalhava como coordenador de RH na indústria, em um ambiente altamente tóxico, onde as pressões eram constantes e as expectativas, muitas vezes, inalcançáveis.

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    No mesmo período, fui convidado para ser professor universitário, algo que sempre sonhei, mas cuja remuneração era ingrata. Todas as noites, após um dia exaustivo na fábrica, me dirigia à universidade para dar aulas.

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    Eu amava ensinar, mas a tentativa de equilibrar ambas responsabilidades esgotaram todos os meus recursos pessoais. Naquela noite, ao bater em um poste faltando muito pouco para chegar em casa, atingi o meu limite.

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    Sou a prova de que o burnout não é apenas uma síndrome do esgotamento profissional: é um grito da alma, um pedido desesperado de pausa.

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    Burnout é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes (Foto: Joshua Coleman/Unsplash/Divulgação)

    A negligência com minha saúde mental quase me custou a vida. Por sorte, o impacto, embora forte, só destruiu o carro.

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    Esse episódio tornou-se o marco de um novo começo para mim. A recuperação desse burnout me fez aprofundar os estudos sobre como evitá-lo. Foi aí que me encontrei no universo da ciência do play!

    O “play” (que vem de diversão, ou brincadeira) pode ser definido como atividades espontâneas e prazerosas, que nos permitem explorar, criar e experimentar a vida de maneiras únicas.

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    O play promove bem-estar físico e mental. Quando temos mais tempo para o lúdico, somos capazes de liberar a tensão acumulada, reduzir a ansiedade e desenvolver a resiliência.

    + Leia também: Síndrome de Tourette: o que é, quais são os sintomas e tratamentos

    Com a missão de oferecer caminhos para aliviar as tensões e o sofrimento causado pelo estresse profissional, compilei conhecimentos no livro “Playfulness! Trilhas para uma vida resiliente e criativa”.

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    Nesse livro, eu conto como o play está ancorado em quatro pilares. São eles:

    Hoje, sei que saúde e bem-estar não são negociáveis. Não sacrifico minha essência por demandas profissionais. Aprendi que cuidar de mim é o primeiro passo para cuidar dos outros e realizar meus sonhos.

    Não espere um choque de realidade para acordar. A vida é para ser vivida, não apenas sobrevivida. Peça ajuda se necessário e, acima de tudo, escute-se. Explore, descubra e viva o seu Play!

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    *Lucas Franco Freire é psicólogo, professor, escritor e palestrante, com 20 anos de experiência. Especialista em Psicologia Positiva e do Trabalho. É autor do livro “Playfulness! Trilhas para uma vida resiliente e criativa”.

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