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Vacina para coronavírus de animais não é eficaz contra Covid-19 em humanos

Vídeo nas redes sociais alega que uma vacina aplicada em cachorros evitaria a pandemia atual. Mas esse imunizante é voltado para outro tipo de coronavírus

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 17 abr 2020, 20h40 - Publicado em 17 abr 2020, 12h16
vacina de cachorro coronavirus
Vacina para coronavírus que atinge os cães não deve ser aplicado em seres humanos.  (Foto: IS/iStock)
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Em um vídeo publicado no Facebook, um homem que não revela a identidade mostra a caderneta de vacinação do seu cachorro. Nela, dá para ver o registro de uma dose aplicada contra o coronavírus. Na gravação, ele conclui que esse imunizante protege contra o Sars-CoV-2, o subtipo do coronavírus responsável pela pandemia que está assolando o mundo.

Mas essa afirmação é falsa. A vacina apresentada de fato previne contra um tipo de coronavírus. Mas não contra o Sars-CoV-2, que surgiu no final de 2019 na China. Esse imunizante, voltado apenas para cães, evita o coronavírus entérico canino (CCoV).

“Não devemos associar os produtos veterinários à pandemia atual, de Covid-19”, alerta o veterinário Alexandre Merlo, gerente técnico e de pesquisa aplicada de animais de companhia da Zoetis. Essa empresa fabrica a vacina do vídeo, chamada de Vanguard HTLP 5/CV-L (V8).

O especialista explica que, apesar de pertencerem à mesma família, o Sars-CoV-2 e o CCoV têm características distintas. Eles sequer possuem os mesmos hospedeiros — enquanto o primeiro ataca seres humanos, o segundo aflige os cães.

Conclusão: a vacina canina para coronavírus não evita a infecção por trás da Covid-19. Só que essa não foi a única notícia falsa apresentada no vídeo. Abaixo, desmentimos outras afirmações desse homem:

“Você certamente já deve ter dado essa vacina para seu gato ou seu cãozinho”

Na família dos coronavírus, há dois tipos que atingem especificamente os gatos: o entérico felino e o causador da peritonite infecciosa felina (PIF).

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Alexandre Merlo explica que o primeiro se assemelha ao CCoV, que ataca os cães. Mas o coronavírus entérico felino raramente provoca sintomas — estamos falando de problemas gastrointestinais.

“Já a PIF é uma doença fatal. Os bichos infectados em geral morrem mesmo com tratamento”, informa o veterinário.

Infelizmente, não existem vacinas para prevenir nenhum deles. O imunizante mostrado no vídeo, portanto, só é aplicado nos cachorros — e não em gatos.

“Tá vendo o que ela combate? Coronavírus. Esse vírus não é novo”

Como já dissemos, a família dos coronavírus possui vários representantes, que atacam diferentes hospedeiros, de diferentes maneiras.

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O Sars-CoV-2, o mais novo membro, apareceu pela primeira vez no fim de 2019 na China. “Já o CCoV é conhecido há décadas”, complementa Merlo.

“O vírus se apresenta mais nos mamíferos”

“Temos os gêneros Alfa e Betacoronavírus, que geralmente afetam mamíferos, enquanto os Gama e Deltacoronavírus atingem pássaros e peixes”, completa o veterinário.

Ou seja, não dá para fazer essa afirmação.

O que mais você precisa saber sobre os coronavírus caninos e felinos

Os cães entram em contato com essa ameaça, que ataca o trato gastrointestinal, pela ingestão de fezes contaminadas de animais. O principal sintoma é a diarreia, que pode vir acompanhada de vômitos, fraqueza e falta de apetite.

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“Não existe tratamento específico. O veterinário controla apenas os sintomas. A vacina deve ser aplicada anualmente”, orienta o profissional.

Além da Vanguard HTLP 5/CV-L (V8), existe a Vanguard Plus (V10). Ambas são polivalentes — agem contra diversas doenças, inclusive o CCoV. A diferença é que a segunda defende de mais subtipos da bactéria causadora da leptospirose.

Felizmente, o CCoV raramente leva os cachorros à morte. O risco maior é para os filhotes. Por isso, não deixe de imunizar seu amigo.

E o que fazer com os gatos? “O coronavírus felino deve ser prevenido evitando contato com outros bichos de origem desconhecida, porque é possível que eles passem por meio de contato direto ou secreções”, conclui Merlo.

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