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Aranto mata células do câncer e pode servir de tratamento? Não é bem assim

Boato que circula na internet até tem fundamento, mas pesquisas estão em fase preliminar e não suportam o tratamento – fora que a planta pode ser tóxica

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 4 mar 2020, 19h48 - Publicado em 24 abr 2019, 17h33
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  • O aranto (nome popular da kalanchoe daigremontiana) é uma planta ornamental que vem sido divulgada no universo online como suposto tratamento para o câncer. Vídeos com mais de um milhão de visualizações no Youtube, com depoimentos de agricultores ou pessoas não identificadas, dizem que seu extrato é capaz de matar células tumorais. Verdade ou fake news?

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    Conhecido também como “mãe de milhares”, o aranto é nativo da África, mas se adaptou facilmente ao clima brasileiro, onde também é encontrado. Trata-se de uma kalanchoe, uma espécie de planta suculenta que vive bem em regiões tropicais e subtropicais. Elas são utilizadas pela população da África e das Américas no tratamento de infecções e inflamações.

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    Só que existem poucos estudos confiáveis sobre as propriedades farmacológicas da família. A maioria é feita in vitro, ou seja, com células isoladas.

    “As pesquisas não chegaram na fase clínica, que testa os efeitos terapêuticos em seres humanos”, aponta o biomédico João Ernesto Carvalho, diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo, e membro da Câmara Técnica de Fitoterápicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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    De onde vem a história que aranto cura o câncer?

    A ciência começou a explorar há alguns anos a capacidade das kalanchoes em combater o câncer. Por exemplo, um estudo de 2015, conduzido por cientistas cariocas, mostrou que compostos isolados de outro tipo de kalanchoe, a tubiflora, podem atuar contra células agressivas de leucemia.

    “Há trabalhos promissores em fase bastante inicial, mas que não justificam de forma alguma o uso da planta para tratamento de tumores”, comenta Sonia Costa, química do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e uma das autoras do experimento.

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    O grupo de Sônia, um dos que mais se dedica à investigação das kalanchoes no Brasil, já descobriu outras possíveis propriedades delas, como a ação contra os vírus do herpes. Entretanto, não dá para extrapolar esses achados ou outros para a realidade. “Não existem pesquisas que comprovem a atividade e a segurança da planta em seres humanos”, reforça Sonia.

    Infelizmente, das opções em geral que parecem promissoras em testes iniciais, pouquíssimas se dão bem nas pesquisas com gente como a gente.

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    Em resumo, o uso caseiro do aranto e de seus familiares – seja como extrato, seja como um suco feito a partir das suas folhas – não deve ser visto como um tratamento para o câncer. “Há inclusive compostos na planta que podem ser tóxicos ao coração, especialmente para indivíduos com alguma doença cardiovascular”, alerta Carvalho.

    Possibilidades para o futuro

    Análises químicas das kalanchoes, incluindo o aranto, comprovam que elas carregam substâncias que seriam benéficas ao organismo, como quercetinas, flavonoides e ácidos fenólicos. Assim, é possível sejam mesmo empregadas para combater enfermidades no futuro.

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    Mas, para que essa planta – e qualquer outra – tenha algum valor como remédio, é preciso saber exatamente sua composição e a dosagem de cada substância, além do melhor método de produção, dos efeitos colaterais e, especialmente, dos reais benefícios.

    Como chegar a isso? Avançando nas pesquisas e, se tudo der certo, fazendo testes em seres humanos, o que simplesmente inexiste até o momento.

    Cuidado com as “plantas anticâncer”

    Diversas espécies são estudadas por sua ação antitumoral, mas não há dados robustos sobre tratamentos naturais até agora. “As melhores opções até o momento são a quimioterapia, radioterapia e outras terapias convencionais”, aponta André Gonzaga dos Santos, do departamento de Princípios Ativos Naturais e Toxicologia, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista de Araraquara.

    Mesmo que haja um efeito positivo em determinado vegetal, a concentração de seus compostos benéficos varia conforme o clima e o solo onde ele cresce. “Uma xícara de chá, por exemplo, nunca terá a quantidade exata do composto do que outra”, comenta Santos. “E o uso concomitante de plantas medicinais com as terapias convencionais pode prejudicar o paciente”, finaliza o Gonzaga dos Santos.

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