Quando procurar o dentista durante a pandemia de Covid-19?
Especialista responde a pergunta apontando as situações que pedem uma visita ao profissional mesmo em tempos de coronavírus e quarentena
O isolamento social imposto pela Covid-19, a doença causada pelo coronavírus, leva à restrição de acesso a alguns serviços, sem contar o estresse relacionado ao fato de sair de casa. Ir ao consultório odontológico neste momento pode gerar muito receio ao paciente, mas pode ser necessário ou obrigatório em alguns casos. Isso vale para situações que exigem avaliação do cirurgião-dentista e a realização de um tratamento para controlar quadros de dor ou infecção, por exemplo.
Pensando no fato de o coronavírus ser transmitido por via respiratória e de certos procedimentos odontológicos propiciarem a formação de aerossóis (aquele spray que fica em suspensão no ar), quais seriam as situações que realmente requerem a procura do profissional durante a pandemia?
O ideal é o paciente entrar em contato com o cirurgião-dentista ou o atendimento odontológico para checar a necessidade de uma avaliação e tratamento presenciais se apresentar:
● Dor de dente aguda, de forma espontânea ou durante a alimentação, decorrente de inflamações da polpa dentária;
● Sangramento gengival frequente;
● Gengiva ou o rosto inchado;
● Cárie extensa ou restaurações com problemas que estejam causando dor;
● Dor relacionada a processos infecciosos envolvendo os terceiros molares (siso ou dente do juízo);
● Infecção após extração dentária;
● Abscessos de origem dentária ou periodontal, resultando em dor localizada e inchaço do rosto ou da gengiva;
● Fratura de dente, que provoca dor ou causa machucado na boca;
● Ajuste ou reparo de próteses dentárias fixas ou removíveis que estejam causando dor ou dificuldade de alimentação;
● Dor de dente onde foi realizado tratamento de canal;
● Ajuste, troca ou remoção do fio ou do braquete do aparelho fixo se estiver machucando a boca;
● Trauma dentário com movimentação ou perda do dente;
● E quando estiver para iniciar ou já estiver em tratamento médico e necessitar da finalização do tratamento odontológico para continuidade desse mesmo tratamento.
Devido ao potencial risco de transmissão do vírus, o paciente deve se atentar e cumprir os cuidados orientados por telefone pelo cirurgião-dentista, como ir ao consultório de máscara, chegar pontualmente no horário marcado, relatar previamente sinais e sintomas de Covid-19 ou se já teve a doença e ir com acompanhante somente se necessário.
O paciente deve sempre avaliar a higiene do consultório e prestar atenção se o profissional e auxiliar de saúde bucal estão usando equipamentos de proteção individual, como máscaras, óculos de proteção, protetores faciais, toucas, aventais e luvas descartáveis.
Vale lembrar que, por mais que as coisas estejam fora da nossa rotina, a higiene com escova e creme dental, bem como o uso do fio dental, deve ser intensificada, principalmente porque estamos nos alimentando com mais frequência dentro de casa.
O consumo de açúcar e carboidratos, por exemplo, pode aumentar o número de cáries e a higiene dos dentes deficiente é capaz de levar a um quadro de inflamação gengival. É importante ressaltar a criação do hábito de passar o fio dental entre os dentes e de escová-los após cada refeição.
A saúde da boca influencia a saúde do corpo em geral, principalmente quando falamos em quadros de dor e inflamação. Dessa forma, manter a saúde bucal é fundamental para evitar problemas e viver melhor durante e após a pandemia.
* Dra. Juliana Bertoldi Franco é cirurgiã-dentista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Hospital Auxiliar de Suzano e Instituto Central) e integrante da Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar e de Pacientes Especiais do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp)