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Chicletes, eles fazem bem aos dentes?

Especialista explica prós e contras da goma de mascar e conta quais são as versões vantajosas à saúde bucal

Por Dra. Karla Mayra Rezende, cirurgiã-dentista*
Atualizado em 25 dez 2018, 10h47 - Publicado em 25 dez 2018, 10h47
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  • Vamos pensar um pouco sobre o hábito de mascar chiclete fazendo uma breve volta ao passado. O chiclete é produzido a partir da seiva ou látex de uma espécie de árvore chamada Sapota, o sapotizeiro. A origem do costume de mascá-lo tem diversas teorias. Alguns historiadores apontam que tudo começou no que é hoje a Guatemala, na América Central, enquanto outros dizem que foi com a civilização maia, no atual território do México. Também há indícios de que a gênese milenar remontaria à Grécia Antiga, onde o hábito teria se desenvolvido com o intuito de limpar os dentes e eliminar o mau hábito.

    Chegando aos nossos dias, sabemos que o chiclete, desde que seja sem açúcar, pode ser vantajoso à higiene bucal. Ele estimula a salivação em até dez vezes, aumentando a lubrificação local e neutralizando os ácidos produzidos pelas bactérias que causam cárie. Dessa forma, promove uma limpeza mecânica na boca.

    Nesse sentido, é importante observar no rótulo da goma de mascar se ela contém xilitol ou sorbitol. Na presença desses adoçantes, as bactérias não conseguem fazer a fermentação como acontece normalmente com o açúcar. Sorte dos dentes.

    Alguns remédios para controle da pressão arterial e da depressão, por exemplo, podem causar o que chamamos de xerostomia, ou seja, boca seca. Nesses casos, o chiclete pode ser bem-vindo, uma vez que instiga a produção de saliva e umedece a cavidade bucal, o que é importante para manter a saúde dos dentes e da gengiva. 

    Quando o chiclete não cai bem

    Pessoas com problemas na articulação temporomandibular (ATM), aquela responsável pelo abrir e fechar da boca, devem ter cautela no consumo das gomas. É que o mastigar excessivo pode causar um desequilíbrio muscular, resultando em dores crônicas de cabeça, ouvido e na própria região da boca.

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    Indivíduos com problemas gástricos também devem evitar ou fazer uso moderado dos chicletes. Isso porque toda vez que o mascamos, o corpo entende que vai receber algum alimento e, com isso, prepara enzimas e ácidos para atuar na digestão.

    Mas, como não há alimento – só uma goma na boca –, existe a possibilidade de uma superprodução de ácido no estômago, o que compromete a sua capacidade de produzir secreções digestivas quando o sujeito realmente ingerir comida. Tudo isso pode acabar em sensação de empachamento, azia etc. 

    Outros efeitos gastrointestinais adversos, como inchaço e até mesmo diarreia, podem surgir em alguns desafortunados. O desarranjo intestinal tende a ser motivado pelos adoçantes artificiais, comumente encontrados nos chicletes sem açúcar.

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    Consumir o chiclete por muitas horas e com frequência também aumenta a probabilidade de desgaste dos dentes por conta do atrito constante. Dependendo da pressão exercida, podem surgir fraturas nas restaurações.

    Ele não substitui a escova!

    Independentemente dos prós e contras, e do fato de que o chiclete sem açúcar pode ser um aliado da salivação e da higiene bucal, é fundamental e unânime deixar claro que ele nunca substituirá uma boa escovação, com uso da pasta de dente fluoretada, e o fio dental. A goma de mascar só deve ser recomendada com essa finalidade esporadicamente, nos casos em que não é possível fazer a limpeza correta da boca.  

    E, ainda assim, vale lembrar que o potencial benefício se aplica exclusivamente a chicletes sem açúcar. Aqueles com o ingrediente nunca trarão vantagens para a saúde bucal.

    * Dra. Karla Mayra Rezende é cirurgiã-dentista e membro da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)

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