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Um raio X da saúde do homem em tempos de coronavírus

No Dia do Homem, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia examina os reflexos da pandemia no atendimento e nos cuidados com a saúde masculina

Por Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo, urologista*
Atualizado em 15 jul 2020, 16h38 - Publicado em 15 jul 2020, 10h26
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  • Comemorado anualmente em 15 de julho, o Dia do Homem tem como objetivo principal conscientizar a população masculina sobre os cuidados com a sua saúde. Ele reflete o reconhecimento de que os avanços obtidos nas últimas décadas quanto a longevidade e qualidade de vida foram alcançados graças à mudança de hábitos e à prevenção e ao tratamento adequado de doenças. Isso permitiu que a expectativa de vida para o homem saltasse de 50 anos na década de 1950 para quase 80 anos nos dias atuais.

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    Em 2020, a pandemia de Covid-19 mostrou ao mundo quanto uma doença pode interferir negativamente em nossas vidas, não só no âmbito pessoal mas também no profissional e no social. Com a saúde masculina não foi diferente. Para avaliar esse cenário, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que tem 5 mil médicos associados, fez uma pesquisa com seus membros. Empregando um questionário complexo, o estudo almejava conhecer criteriosamente a influência da pandemia em suas atividades laborais e pessoais.

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    Depois de entrevistar 766 profissionais, a pesquisa chegou a resultados muito preocupantes: houve uma redução expressiva na assistência em urologia, que pode ser estendida, teoricamente, a outras especialidades. O atendimento ambulatorial e em consultórios privados diminuiu em aproximadamente 80% em razão de fechamento do estabelecimento, limitação funcional ou problemas relacionados à contaminação.

    Com a readaptação dos hospitais para priorizar doentes com o coronavírus, procedimentos caíram significativamente. Mais da metade das cirurgias eletivas (aquelas marcadas antecipadamente) foi suspensa ou adiada por tempo indeterminado. Ocorre que, entre essas, existem operações que são prioritárias e não podem aguardar longo tempo devido ao risco de progressão do problema e prejuízos pela não intervenção em tempo hábil. Alguns exemplos podem ser citados, tais como tumores malignos de bexiga, de testículo e alguns tipos de câncer de próstata, além de cálculos urinários obstrutivos associados a infecções.

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    Mais grave ainda, a pesquisa detectou que passa de 20% o número de cirurgias emergenciais que não foram realizadas, optando-se, em seu lugar, por medidas menos invasivas mas cujos resultados são discutíveis. No aspecto pessoal, 13% dos urologistas ouvidos se contaminaram, muitos foram internados e alguns, infelizmente, faleceram.

    Motivos para agir

    Esse panorama despertou um sinal de alerta e a SBU está lançando uma nova campanha denominada “Trato Feito com a Saúde”, que visa esclarecer a população e destacar a necessidade do retorno ao atendimento médico habitual com as devidas precauções. Precisamos lembrar a comunidade de que existem doenças como tumores e outras infecções que não devem ter seu tratamento adiado pelo risco de se perder a oportunidade de cura.

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    No intuito de difundir informação e conhecimento, nosso portal está com novos vídeos e podcasts que trazem orientações sobre os principais aspectos da saúde do homem e contam com a participação de colegas de outras especialidades.

    A urologia é uma das áreas médicas que mais se relacionam com a saúde masculina em todas as fases da vida, desde o nascimento até a velhice. Um homem pode ser idoso, porém jovem fisicamente! Os problemas urológicos na infância e na juventude envolvem condições tão diversas como malformações congênitas, infecções sexualmente transmissíveis, cálculo renal… E, na maturidade, aparecem queixas como retenção e incontinência urinária, disfunção erétil, bem como o maior risco de tumores benignos e malignos, sobretudo na próstata.

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    O câncer de próstata é um capítulo à parte porque é o tumor maligno mais frequente nos homens e a segunda causa de morte por câncer após os 50 anos. Quando o diagnóstico é feito em fase inicial, a boa notícia é que há grandes chances de a doença ser curável. Em fases mais avançadas, no entanto, apesar dos progressos muito significativos no tratamento, os resultados não são tão favoráveis.

    Como não existem ainda medidas efetivas que possam prevenir esse tumor, nosso objetivo principal é o diagnóstico precoce e, assim, o início do tratamento em momento oportuno. Isso só é possível com exames médicos periódicos após os 50 anos — ou mesmo antes, em homens com maior risco, principalmente aqueles com familiares próximos portadores da doença.

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    Durante a pandemia do coronavírus, essas orientações básicas sofreram expressivo impacto negativo, pelas limitações relacionadas a restrições hospitalares, consultórios fechados, afastamento social e temor compreensível dos homens quanto à contaminação. As consultas a distância ganharam corpo, mas a telemedicina ainda tem um espectro limitado, não podendo oferecer exame físico tampouco a oportunidade de se comunicar de maneira eficaz com pessoas de níveis culturais heterogêneos.

    Em nome da SBU, cumprimentamos todos os homens e destacamos a importância e a necessidade de os brasileiros se engajarem nos cuidados primordiais para preservar sua saúde.

    * Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo é presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), professor livre-docente da Universidade de São Paulo, professor titular da Faculdade de Medicina do ABC e titular da Academia de Medicina de São Paulo

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