Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Terrorismo nutricional: não seja a próxima vítima!

Crenças sobre alimentos e hábitos alimentares podem assombrar a gente no dia a dia, mas boa parte delas não tem nenhuma razão de ser

Por Adriana Kachani, nutricionista*
Atualizado em 16 out 2023, 11h16 - Publicado em 10 out 2023, 10h03
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Se você já se pegou preocupado em comer glúten, lactose, ovo ou açúcar sem que houvesse uma razão médica para isso, então você foi atingido pelo terrorismo nutricional.

    O termo é utilizado para descrever a propagação de mitos relacionados aos alimentos e à definição arbitrária do que deveria ser uma dieta adequada.

    Este medo é embutido nas pessoas desde a infância, tornando o ato de comer um processo cheio de culpa e estresse, além de incentivar dietas restritivas que podem levar a transtornos alimentares como anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar…

    A idéia do terrorismo nutricional partiu de outro conceito, chamado “nutricionismo”, contração de “reducionismo nutricional”. O termo foi cunhado nos anos 2000 por Gyorgy Scrinis, pesquisador australiano.

    Scrinis é autor do livro Nutricionismo (Editora Elefante – clique para comprar), traduzido para o português apenas em 2021, mas referência referência para estudiosos em nutrição do mundo todo desde antes disso.

    Segundo Scrinis, o nutricionismo é um movimento que reduz o alimento à sua função nutricional, categorizando-o de maneira dicotômica como bom ou ruim, permitido ou proibido, mocinho ou vilão.

    Continua após a publicidade

    Desta maneira binária, o foco fica restrito a determinado componente, sem considerar sua interação com os nutrientes que ali estão e com o padrão alimentar do indivíduo.

    + Leia também: Leite não faz mal à saúde, concluem autoridades da medicina e da nutrição 

    Por exemplo, você já deve ter se deparado com anúncios de produtos com chamadas do tipo “baixo em calorias”, “rico em ômega 3” entre outras afirmações.

    Bom, os rótulos categorizam o alimento sem levar em conta os outros itens presentes na refeição e os hábitos alimentares do indivíduo. Ou seja, o que ele come, quando come, por que come e com quem come. Não consideram também os fatores culturais que cercam a comida, bem como a representação social contida no consumo.

    Continua após a publicidade

    Até na linguagem popular o nutricionismo ganhou espaço.

    Você já deve ter sido seduzido por um alimento “fit” que promete melhor performance na atividade física, oferta de nutrientes para ganho de massa muscular ou até perda de peso.

    São produtos muitas vezes enriquecidos com nutrientes específicos, mas que pecam nos adoçantes, corantes, aromatizantes, sabores artificiais e conservantes. Porém, no imaginário popular, se você não consumí-los, estará cometendo um atentado a própria saúde.

    A tendência é tão grande que hoje, mesmo em congressos de nutrição sérios, temos palestras discutindo nutrientes específicos e sua função no corpo humano. É um tema importante, mas deve-se sempre contextualizar os nutrientes e entender que todo alimento tem sua importância e nenhum deve ser deixado de lado. 

    Continua após a publicidade

    Para que o nutricionismo diminua e as pessoas se sintam menos pressionadas a se alimentar de forma reducionista, devemos agir em quatro sentidos: 

    1. Mudar o foco da análise nutricional para o alimento e para a refeição. Ou seja, não é o nutriente que atua sobre um biomarcador, mas sim a dieta, a rotina alimentar, que terão efeito na saúde;
    2. Valorizar o conhecimento cultural, confiando em conceitos alimentares que deram certo ao longo da história, como comer pão no café da manhã;
    3. Confiar nos nossos sentidos para avaliar se o alimento tem qualidade, e para isso devemos resgatar experiências sensoriais e gastronômicas. Incentivar a culinária caseira e compras em feiras locais é fundamental;
    4. Priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, conforme orientação do Guia Alimentar para a População Brasileira, de 2014.

    O conceito de funcionalidade de certos alimentos surge junto ao aumento do interesse da população em saúde e longevidade. Há uma avidez por consumir suplementos e alimentos que previnam ou curem determinadas doenças do envelhecimento. 

    Muitas destas pessoas se esquecem (ou não são informadas) de que a busca por uma alimentação saudável inclui considerar o alimento dentro do contexto da rotina e do organismo.

    Continua após a publicidade

    Independente do nutriente X ou Y, o importante é comer comida de verdade, aquela que se faz em casa. É por isso que saúde é comer de tudo. Sem regras, mas usando o bom senso!

    * Adriana Kachani é nutricionista, mestre e doutora pela Faculdade de Medicina da USP e integrante do corpo de voluntários do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo

    Compartilhe essa matéria via:
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.