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Tabagismo começa na infância: como falar com as crianças sobre isso?

Se a indústria do tabaco já está falando com as crianças, nós precisamos falar mais alto

Por Marília Breite, cientista política*
Atualizado em 6 jan 2025, 09h34 - Publicado em 4 jan 2025, 07h00
vape-crianca
Cigarros eletrônicos podem ter design atratativo para o público infantil, com cores chamativas e aspectos lúdicos  (Freepik/Reprodução)
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Aos 10 anos, Sophia experimenta pela primeira vez um vape no banheiro da escola. Atraída pelo aroma de chiclete e pelo design colorido do dispositivo, ela não vê ali um risco à sua saúde, mas sim um símbolo de modernidade e pertencimento.

Esse cenário, que se repete diariamente em escolas de todo o mundo, é fruto de estratégias agressivas e calculadas da indústria do tabaco para recrutar dependentes cada vez mais jovens.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o tabagismo como uma doença pediátrica, uma vez que a maioria dos fumantes inicia o consumo ainda na adolescência ou mesmo na infância. O cenário se agrava com a ascensão dos dispositivos eletrônicos, também conhecidos como vapes, que têm ganhado popularidade entre os jovens.

+Leia também: Cigarro eletrônico coloca o coração dos mais jovens em risco

Um estudo recente da Fiocruz revelou que 14,8% dos adolescentes brasileiros já experimentaram algum produto derivado do tabaco, incluindo os cigarros eletrônicos, reforçando a necessidade de ações preventivas e educativas.

Jovens em risco

A indústria do tabaco age com sofisticação para atrair o público mais jovem. O design moderno, as cores e os sabores adocicados, como frutas e doces, fazem com que dispositivos como os vapes se tornem objetos de desejo.

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Além disso, o marketing direcionado em redes sociais e a narrativa enganosa de “risco reduzido” promovem uma falsa percepção de segurança. Contudo, estudos demonstram que os cigarros eletrônicos contêm altas concentrações de nicotina, metais pesados e compostos tóxicos que prejudicam o desenvolvimento pulmonar e aumentam significativamente as chances de dependência ao longo da vida.

A exposição precoce à nicotina também afeta as funções cognitivas e comportamentais em crianças e adolescentes, deixando sequelas de longo prazo.

+Leia também: Crianças e adolescentes são os principais alvos da indústria do tabaco

O planeta também sofre

ilustração sobre bitucas
Clique na imagem para ampliar (Divulgação/Reprodução)
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O impacto ambiental do tabagismo é tão grave quanto seus efeitos à saúde pública. A produção de tabaco contribui para 5% do desmatamento global anual e demanda aproximadamente 22 bilhões de toneladas de água, recursos críticos em meio à crise climática.

Atualmente, 4,5 trilhões de bitucas de cigarro são descartadas todos os anos, contaminando solos e ecossistemas aquáticos com microplásticos, metais pesados e substâncias tóxicas que ameaçam diretamente a biodiversidade marinha.

A ascenção dos cigarros eletrônicos amplia o problema, ao introduzir resíduos eletrônicos complexos, como baterias de lítio e componentes plásticos de difícil reciclagem, cuja decomposição prolongada e descarte inadequado agravam a poluição ambiental.

+Leia também: Uma chamada para ação global contra o tabagismo

Basta de silêncio

Diante desse cenário, o silêncio de muitos pais e educadores funciona como um aliado involuntário do setor tabagista. Muitos acreditam que abordar o tema do tabagismo é inadequado ou desnecessário para crianças pequenas.

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No entanto, a Associação Americana de Pneumologia recomenda que o diálogo sobre os perigos do tabaco comece entre 5 e 6 anos e continue ao longo da adolescência, com mensagens claras e adaptadas à faixa etária. Conversas abertas, honestas e informativas têm o poder de superar a influência dos colegas e do marketing agressivo da indústria.

Foi com esse propósito que escrevi o livro Crianças Saudáveis, Planeta Saudável  (Clique para comprar), um guia ilustrado voltado para crianças de 7 a 10 anos.

De maneira lúdica e acessível, a obra explica os perigos dos cigarros e vapes, ao mesmo tempo em que conscientiza sobre os impactos ambientais devastadores causados pela indústria do tabaco. Mais do que transmitir informações, o livro busca inspirar as crianças a se tornarem agentes de mudança, capazes de proteger a própria saúde e o planeta em que vivem.

Como destacou a Dra. Tânia Cavalcante, do Instituto Nacional de Câncer: “Com linguagem leve e imagens atraentes, essa obra oferece uma oportunidade única de ensinar às crianças, de forma acessível, como escapar das armadilhas do tabaco e ajudar a proteger o meio ambiente.”

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Enquanto aguardamos políticas públicas mais eficazes no combate ao tabagismo, não podemos nos omitir. Diálogo precoce, educação e conscientização são ferramentas poderosas — e muitas vezes as únicas barreiras entre nossas crianças e as armadilhas da indústria do tabaco.

Se a indústria já está falando com as crianças, nós precisamos falar mais alto.

*Marília Breite é cientista política e autora do livro Crianças Saudáveis, Planeta Saudável – Clique para comprar 

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