O uso diário do protetor solar é fundamental para prevenir danos causados pela radiação ultravioleta (UVA) à pele. Sabemos que o filtro ajuda a evitar a ativação de enzimas que corroem as fibras de colágeno que sustentam esse tecido, o que resulta em rugas e flacidez, e a nos proteger de danos no DNA das células, que dão origem ao câncer de pele.
Mas a atuação do protetor é apenas preventiva. Ele não atua no combate aos danos cumulativos já estabelecidos. E isso motiva uma busca incansável entre os cientistas: como reverter esses danos? Pois a novidade vem de uma equipe da Universidade de Exeter, no Reino Unido.
Os pesquisadores desenvolveram e testaram dois compostos capazes de resguardar as camadas mais profundas da pele contra a radiação solar de uma maneira inovadora. Mais do que isso, essas substâncias podem, uma vez incorporadas a cosméticos ou tratamentos, ajudar a retardar e a regredir lesões relacionadas ao envelhecimento cutâneo.
No estudo, realizado através da exposição da pele de ratos e de células da pele humana à radiação UVA, as moléculas criadas em laboratório protegeram a pele de forma diferente dos filtros solares tradicionais. Elas foram capazes de penetrar a fundo no tecido cutâneo, atingindo as mitocôndrias, estruturas que geram a energia das células. E conseguiram fornecer um combustível alternativo às células da pele quando elas se encontram estressadas pela radiação.
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No detalhe, os cientistas ingleses observaram que os compostos atuam sobre uma proteína que regula o uso de energia da célula e sobre um conjunto de genes que ajudam a poupar a pele dos danos do envelhecimento. É como se essas novas substâncias pudessem dar um gás extra à pele.
Hoje, certos fotoprotetores e cosméticos contêm ingredientes que supostamente protegem a mitocôndria da radiação ultravioleta, mas ainda não está claro se eles realmente conseguem penetrar apropriadamente nas células. Em contrapartida, esse novo trabalho apresenta moléculas que conseguem driblar as barreiras e chegar aonde é preciso.
Mais pesquisas, inclusive em seres humanos, são necessárias para validar os achados da equipe britânica, mas podemos ver os resultados como promissores. Esses componentes em teste podem ajudar não só a retardar como a reverter situações ligadas ao avançar dos anos mas também danos que culminam em problemas preocupantes como tumores. Possuem, portanto, implicações importantes na área cosmética e dermatológica no longo prazo.
Até os frutos dessa linha de pesquisa se tornarem realidade, porém, meu conselho é continuar apostando nas medidas consagradas de proteção à pele. E uma das principais é usar diariamente o protetor solar.
* Roberta Padovan é médica pós-graduada em dermatologia e especialista em medicina estética com atuação em São Paulo e no Maranhão