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Relação médico-paciente é pilar inabalável no tratamento do câncer

Avanços tecnológicos melhoraram o combate aos tumores, mas humanização não pode ser deixada de lado pela oncologia moderna

Por Amândio Soares, oncologista*
Atualizado em 25 jul 2022, 10h07 - Publicado em 8 abr 2022, 10h31
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  • Nas últimas décadas, assistimos a avanços tecnológicos incríveis, que transformaram a medicina como um todo, e com a oncologia não foi diferente.

    Hoje temos drogas que trazem esperanças de sobrevivência em casos avançados, para os quais existiam poucas opções, e abordagens cada vez mais personalizadas.

    Neste cenário, é importante lembrar que a relação entre o paciente e seu médico persiste como um dos grandes pilares para o sucesso dos tratamentos oncológicos. Afinal, não tratamos de doenças, mas de pessoas doentes.

    Cada uma delas têm suas individualidades, não só de sinais ou sintomas, mas de vivências e expectativas.

    Pacientes não são apenas seres biológicos. São muito mais que isso. São seres biográficos. Carregam em sua bagagem a própria história, experiências e emoções. Por isso precisam ser vistos em sua plenitude, no contexto social, cultural e humano. Na sua pluralidade.

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    + Leia também: Câncer: a vida no centro de tudo

    Mais do que a capacidade técnica do médico, a empatia, a escuta atenta, a compaixão, o não julgar e sua habilidade de comunicação permitem que se estabeleça um vínculo de confiança e reciprocidade entre profissional e paciente.

    Os benefícios do acolhimento na oncologia

    Quando o doente se sente acolhido e respeitado, fica mais à vontade para expor seus problemas de saúde e suas inseguranças.

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    Assim, certamente, estará mais disposto engajar-se no tratamento proposto, compreendendo seus desfechos, ainda que, eventualmente, não sejam os que ele tivesse em mente.  Também estará menos vulnerável a falsas promessas de cura e comportamentos que podem piorar seu prognóstico.

    É preciso lembrar que, na maioria das vezes, o problema apresentado pelo paciente tem origens que vão além de questões médicas imediatas. Daí a importância dos determinantes sociais da saúde.

    São fatores relacionados às condições e ao estilo de vida do indivíduo, que, de acordo com as evidências científicas, precisam ser cada vez mais levados em consideração ao programar um plano terapêutico.

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    No dia a dia da minha prática profissional como oncologista, percebo o quão decisivo é manter uma boa relação médico-paciente. Principalmente em meio a um diagnóstico de câncer, momento de profunda fragilidade física e emocional para qualquer pessoa.

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    Ao ouvir meus pacientes falando sobre medos e angústias, consigo ter informações que os exames mais modernos no mundo não são capazes de detectar.

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    É nesse momento que tenho a oportunidade de perceber o quanto cada pessoa deseja, precisa ou deve saber sobre a sua doença. É nesse momento que escolho a linguagem a ser utilizada e compartilho responsabilidades.

    É nesse momento que começamos a trabalhar as expectativas reais e a valorizar mais a vida do que a doença. Sobretudo, é nesse momento que me vem à mente a célebre frase de Hipócrates: “Aliviar a dor é algo divino”.

    *Amândio Soares é oncologista e idealizador do Instituto Orizonti, em Belo Horizonte/MG

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