Os homens precisam cuidar melhor da saúde. Essa é a principal mensagem da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) no mês de julho, no qual celebramos, no dia 15, o Dia do Homem. Desde 2004, a SBU vem alertando para alguns aspectos da saúde masculina, principalmente durante a campanha Novembro Azul, quando lembramos sobretudo do tumor mais prevalente no homem, o câncer de próstata.
Mas hoje a conscientização é maior. Em 2022, a SBU aproveita o mês do homem para alertar também para o câncer de bexiga, o segundo tumor urológico mais incidente na população masculina.
A falta de cuidados com a saúde e a exposição a vários fatores de risco (violência, acidentes de trânsito, consumo de álcool, tabaco e outras drogas) faz com que a expectativa de vida dos homens seja sete anos menor que a das mulheres. Na faixa etária de 20 a 29 anos, a cada cinco pessoas que morrem, quatro são homens, sendo as causas principais a violência e os acidentes.
Segundo o DATASUS, em 2021 houve 2 988 202 atendimentos em ginecologistas e somente 469 924 em urologistas. Em 2022, até recentemente foram 1 299 877 atendimentos em ginecologistas e 211 607 em urologistas, o que representa cerca de 16% em relação ao montante feminino.
Essas diferenças às vezes podem ser percebidas em situações familiares: as mães procuram levar suas filhas ao ginecologista na adolescência, mas os meninos nem sempre vão ao urologista. E lembro que, no adolescente e no adulto jovem, o diagnóstico precoce de doenças como a varicocele e o câncer de testículo facilitam o tratamento e a cura.
Por serem levadas desde jovens ao ginecologista, as mulheres adquirem o hábito de realizar exames periódicos. As mulheres se cuidam e por isso vivem mais.
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Temos que mudar a atitude dos homens com sua saúde. Há uma mistura de desinformação, preconceito e medo. O “quem procura acha” tem que ser mudado para o “quem procura cura”.
Consultas regulares são necessárias, mesmo que não haja sintomas. Muitas das frequentes causa de morte na população masculina, como o câncer de próstata, a hipertensão e a diabetes, são totalmente assintomáticas no começo, e o tratamento precoce pode facilitar o tratamento e a cura.
Tanto a obesidade como o tabagismo têm que ser discutidos claramente. Principalmente o tabagismo, que é considerado uma das principais causas de morte evitáveis do mundo. O hábito de fumar aumenta o risco para o aparecimento de várias doenças, e entre as mais graves está o câncer de bexiga.
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O tumor de bexiga se manifesta inicialmente pela presença de sangramento na urina. Como na fase inicial da doença esse sangramento pode parar espontaneamente, alguns homens acabam não procurando o atendimento imediato, com medo de descobrir que estão com algum problema “mais sério”. E o atraso no diagnóstico permite que a doença evolua para estágios de maior gravidade.
De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2022 serão registrados 7 590 novos casos entre os homens (e 3 050 entre as mulheres). Em 2020, foram 4 595 óbitos em razão de tumor na bexiga, sendo 3 097 em homens e 1 498 em mulheres.
Outro efeito do tabaco é a impotência sexual. Como geralmente é provocada pela obstrução dos vasos sanguíneos que irrigam o pênis, ela denuncia a obstrução das artérias em todo o organismo, inclusive das artérias coronarianas com risco de infarto do miocárdio, e das artérias carótidas com risco de isquemia cerebral, conhecido como “derrame”.
E com tantas propagandas estimulando a automedicação para impotência sexual, há um retardo na procura do paciente por um urologista, por vezes levando a graves consequências.
Mudar hábitos de vida, evitar a obesidade e o tabagismo, ter uma alimentação saudável, praticar atividade física regularmente e procurar um médico periodicamente promovem saúde e qualidade de vida.
*Alfredo Canalini é presidente da Sociedade Brasileira de Urologia