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Palavras têm poder no controle da dor

Quer controlar a dor? Organize seus pensamentos e sentimentos

Por Mariana Schamas, cinesiologista*
2 nov 2024, 07h00
dores do pós-covid
Manejo da dor é complexo, mas ela não deve ser menosprezada (Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital)
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A seguir, compartilho relatos maravilhosos, de quem um dia já sentiu muita dor.

“Sem dor a gente se sente livre”
“Quando acordo sem dor penso que morri! Mas logo percebo que nasci de novo, porque mudei meu modo de pensar e agir.”
“A cabeça não para, pensa muito, fica o tempo todo com os pensamentos e sentimentos a mil.”

Você se identifica com esse cenário?

Cuidado com o que você fala, as palavras têm poder! Certamente você já ouviu isso. E os pensamentos? Acha que eles também têm poder na sua vida?

A neurociência da dor nos mostra que o que você pensa e sente tem uma influência enorme na sensação dolorosa. Crenças, valores, associações, emoções, pensamentos catastróficos ou otimistas exercem papel decisivo na intensidade do incômodo.

“Para aliviar a dor, é preciso, parar, olhar, examinar e tomar uma providência, traçar um plano. Esse é meu objetivo, traçar esse plano com calma e eficiência.”

A mensagem de dor sai do corpo, passa pela medula espinhal, sobe ao cérebro e chega a uma espécie de centro de controle, o tálamo, que pode ser explicado como uma mesa de uma telefonista, aquelas do início do século XX.

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Lá, a mensagem que chega é distribuída para três outras áreas: a que detecta a dor do corpo e emite um sinal de alerta; a que decide como se sentir em relação à dor, por meio da comparação com experiências prévias e a que decide o que fazer a respeito.

Tudo acontece em frações de segundos. Esse ciclo muitas vezes se torna automático e nem sempre tomamos as melhores decisões, p or influência de vários sentimentos e emoções.

+Leia tambémComo uma dor se torna crônica?

“O entendimento depende da boa vontade e a boa vontade depende de um desprendimento de crenças e padrões estabelecidos.”

Antes da mensagem do corpo chegar ao cérebro, ela passa pela medula espinhal, onde existe um tipo de portão que libera ou não a informação. O portão neural pode estar aberto, deixando o sinal de dor passar sem critérios. Esse portão também pode estar fechado, impedindo que o alarme dispare e consequentemente diminuindo ou cessando a sensação ruim.

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Ao longo dos anos fui anotando palavras e frases dos meus pacientes e as usei aqui nesse artigo. Começo pelas que abrem o portão:

palavras-dor
(Mariana Schamas/Reprodução)

É nesse processo que os pensamentos e sentimentos são agentes que modulam a dor. Pensamentos negativos e catastróficos, estresse, mau humor, descrenças e desânimo deixam o portão aberto, aumentando o incômodo. Já crenças otimistas e animadoras, bom humor e proatividade liberam hormônios que organizam o sistema e fecham o portão, melhorando a dor.

+ Leia também: A ciência da felicidade

“A dor crônica me desespera. Aprendi que esse pensamento repetitivo de ‘não aguento mais, não sei o que fazer’ só piora a dor. Resolvi que pararia de reclamar e busquei ajuda. Então, entendi que o alívio da dor dependia mais de mim do que dos outros”

Parece fácil e simples, não é mesmo? Na prática, é preciso uma equipe multidisciplinar para orientar e ajudar a pessoa que sofre com dor a mudar seu estilo de vida: fazer exercício, usar medicações se necessário, fazer psicoterapia, meditação e técnicas de gerenciamento de estresse.

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Assim, chegamos na nuvem de palavras que fecha o portão e organiza o sistema nervoso central.

palavras-dor
(Mariana Schamas/Reprodução)

Nesse momento, o que você está pensando e sentindo ao ler esse artigo?

Realizar atividades prazerosas te ajudam a melhorar sua relação com o sistema de controle da dor. E evitar entrar no ciclo vicioso do medo e ansiedade é uma parte bem importante do tratamento.

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Meditar e escrever um diário são algumas das muitas atividades que te ajudam a organizar o cérebro e manter o portão sob controle.

“O alívio da dor é parecido com aprender a nadar! É preciso um certo desprendimento e confiança para a coisa fluir.”

*Mariana Schamas é cinesiologista, pós-graduada em dor crônica e pesquisadora de cuidados paliativos e alívio da dor. 

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