Outubro Rosa: reconstrução mamária é parte do tratamento do câncer
O procedimento pode ser feito na mesma cirurgia de retirada dos tumores, sem interferir na cura ou no segmento do tratamento
O câncer de mama ainda é bastante frequente entre as mulheres, em todo o mundo. No Brasil, foram estimados mais de 70 mil casos novos no ano de 2023.
Ele representa a neoplasia mais comum no sexo feminino, desconsiderando-se tumor de pele não melanoma. Seu tratamento tem diversas modalidades: pode envolver quimioterapia, radioterapia, imunoterapia. Mas, invariavelmente, a cirurgia faz parte do planejamento terapêutico, estando a reconstrução da mama incluída nesse cenário.
De forma geral, a reconstrução é indicada a todas as mulheres que passarão pela retirada de um tumor maligno no seio, desde que tenham condições clínicas para tal. No passado, muito se discutiu o momento ideal para realizá-la. Por décadas, as mulheres só tinham as mamas reconstruídas anos depois da cirurgia inicial.
Isso ocorria porque ainda não havia segurança de que a reparação não interferiria com o tratamento da doença em si. A intervenção estética não poderia afetar o monitoramento do câncer após a cirurgia nem atrasar o início de terapias adjuvantes, como quimioterapia e radioterapia.
Essa segurança veio a ser comprovada através de estudos científicos e, hoje, a reconstrução da mama pode ser feita de forma segura na mesma cirurgia em que é removido o câncer.
Além disso, também existem inúmeros trabalhos provando que o procedimento tem impacto psicológico positivo e traz ganho em qualidade de vida.
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Como é feita a reconstrução mamária
Existem diversas técnicas, e a escolha varia, principalmente, de acordo com o tipo de tumor, a cirurgia realizada — se a mama toda foi retirada, ou apenas uma porção —, o volume inicial da mama, idade e biotipo da paciente e indicação de radioterapia.
Para aqueles casos em que é preciso remover toda a mama, frequentemente utilizamos implantes de silicone. Já em situações em que apenas parte do seio é removida, podemos usar o tecido preservado para corrigir o defeito criado pela retirada do câncer. Em casos particulares, podemos até mesmo precisar usar tecido de outras regiões do corpo.
Assim, estamos falando de alguns procedimentos possíveis, com graus variados de complexidade e extensão.
Depois da cirurgia
O acompanhamento com o cirurgião plástico não acaba com o procedimento.
É preciso manter o seguimento para avaliar o resultado estético, a eventual possibilidade de uma nova cirurgia pra refinamentos, bem como a evolução ao longo do tempo, principalmente após radioterapia, já que ela pode alterar ou mesmo prejudicar o resultado obtido incialmente.
O mês de outubro marca um período de conscientização, divulgação de informações e orientações relacionadas ao câncer de mama. Isso para que todas as mulheres tenham acesso e façam rastreamento para a detecção precoce e, quando preciso for, terem um melhor tratamento.
Nesse contexto, é importante saber que cirurgias de reconstrução são consideradas parte do tratamento e, independentemente do tipo, são um direito garantido por lei. Apesar disso, infelizmente é sabido que ainda a maioria das mulheres no país não tem acesso a essa abordagem.
*Larissa Sumodjo é cirurgiã plástica, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)