O diabetes é uma doença crônica grave, com múltiplos fatores envolvidos. Em 2015, a prevalência global girava em torno de 415 milhões de pessoas acometidas e há previsão de que atinja 642 milhões em 2040. Estima-se que, até 2030, 4,4% da população mundial desenvolva a doença, segundo a Federação Internacional do Diabetes.
Uma das principais complicações do diabetes mal controlado é o chamado pé diabético. A glicemia elevada provoca alterações nos nervos em várias áreas do corpo. E essas alterações, associadas a traumas, deformidades e problemas vasculares, representam os fatores mais importantes no desenvolvimento de lesões nos pés de quem convive com o diabetes.
O Consenso Internacional do Pé Diabético, elaborado pelo Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético em 2001, informa que 85% das amputações das extremidades inferiores relacionadas à doença são precedidas de uma ulceração (feridas) nos pés. Quarenta a setenta por cento das amputações das extremidades inferiores estão relacionadas ao diabetes.
A educação e a conscientização dos pacientes são aspectos cruciais para evitar desfechos tão trágicos. Esse trabalho envolve as próprias pessoas com diabetes, mas também profissionais de saúde e familiares que os apoiam nos cuidados. Existem algumas orientações fundamentais para realizar a prevenção. São os mandamentos do pé diabético:
- Não fazer compressas nos pés, nem quente nem fria ou gelada;
- Usar meia sem costura ou usá-la com a costura para fora;
- Não remover as cutículas das unhas dos pés;
- Não usar sandálias com tiras entre os dedos;
- Cortar as unhas retas e acertar os cantos com lixa de unhas;
- Hidratar bem os pés;
- Nunca andar descalço;
- Olhar sempre a planta do pé e tratar logo qualquer arranhão ou ferimento;
- Não usar sapato apertado ou de bico fino;
- Tratar as calosidades com profissionais da saúde;
- Olhar o interior do sapato antes de usá-lo;
- Enxugar bem entre os dedos depois do banho.
Observando essas medidas simples e mantendo o acompanhamento médico, é possível diminuir o risco de complicações e amputações.
* Roberta Campos é angiologista e cirurgiã vascular e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional Maranhão (SBACV-MA)