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O que aprendemos com a Covid-19 no enfrentamento do câncer infantil

Médica relata como hospital de atendimento a crianças e jovens com câncer lidou com a ameaça do coronavírus

Por Fabianne Carlesse, infectologista*
Atualizado em 12 fev 2021, 09h56 - Publicado em 10 fev 2021, 10h08
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  • Entre o final de 2019 e o início de 2020, o mundo começou a ser surpreendido por um novo tipo de coronavírus, denominado Sars-CoV-2. Até então, a maioria das infecções respiratórias em humanos relacionadas a esse grupo de vírus envolvia espécies de baixa patogenicidade, que levavam a sintomas de um resfriado comum. O novo coronavírus, porém, demonstrou que pode causar infecções graves, especialmente em alguns grupos, como idosos e indivíduos (crianças ou adultos) imunossuprimidos.

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    E aqui entramos no território das crianças em tratamento contra o câncer. Antes de mais nada, é importante ressaltar que crescer tendo que combater essa doença é um enorme desafio. Além de tratamentos como a quimioterapia, ela tem de lidar com os eventos adversos da doença. Um deles é a baixa imunidade, que predispõe ao desenvolvimento de formas graves de infecções — caso da própria Covid-19.

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    A complexidade do tratamento, somada às repercussões imunológicas, acaba impondo limitações na rotina da criança e da família, principalmente em relação a atividades sociais. Ambientes com grandes aglomerações exigem cuidados redobrados.

    No caso da infecção pelo vírus Sars-CoV-2, pouco se conhecia sobre a sua forma de apresentação nos indivíduos imunossuprimidos e como confrontá-la. Países da Europa e os Estados Unidos, que começaram a ter contato com a doença antes do Brasil, ainda não tinham desenvolvido protocolos para a doença, e nós seguimos em um aprendizado contínuo. Não podíamos parar o tratamento oncológico dessas crianças e tivemos que nos adaptar para enfrentar mais esse desafio.

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    Não existia literatura médica e nenhum registro sobre o enfrentamento da doença nos pacientes pediátricos e, à medida que o ano foi avançando, fomos aprendendo com os casos, tendo a nossa própria experiência e nos aprimorando com as novas publicações.

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    Nossa experiência no GRAACC não foi tarefa fácil. Há tempos seguimos rígidos protocolos de segurança, por conta da alta complexidade dos casos de câncer infantojuvenil, e com a pandemia criamos protocolos exclusivos de atendimento ao público, com o objetivo de evitar aglomerações, manter o distanciamento social, higienizar frequentemente as mãos e atender a todos da melhor maneira possível.

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    Especializados em câncer infantojuvenil, nos aprimoramos e reforçamos, ainda mais, as medidas já existentes, incorporando novos espaços, pois o tratamento do câncer precisa continuar. O câncer não espera!

    Aprendemos a lidar com algumas formas de Covid-19, desde casos leves até casos graves, todas com êxito, pois contamos com uma equipe multidisciplinar muito dedicada e atualizada. Em um dos casos graves, utilizamos um bloqueador de receptor de interleucinas (responsável pela resposta imune do organismo) para diminuir os mediadores inflamatórios e obtivemos ótimo desfecho clínico. Em outro, o paciente passou por hemodiálise contínua, em que foi utilizado um filtro para eliminar toxinas e outras substâncias do corpo, o que possibilitou a recuperação dos rins e auxiliou no tratamento da Covid-19.

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    Uma unidade exclusiva de atendimento a pacientes com sintomas respiratórios foi criada para assistir casos suspeitos. Realizamos também campanhas internas voltadas para pacientes, acompanhantes e profissionais da instituição. E protocolos específicos para diagnóstico e acompanhamento de crianças com Covid-19 foram desenvolvidos e implementados, além de treinamentos específicos para as equipes médicas.

    Nesse percurso, aprendemos que cada caso deve ser tratado individualmente. Até o momento, em que não se dispõe de terapia específica para a doença, sabemos que a detecção precoce e um suporte clínico adequado de uma equipe coesa e bem treinada fazem toda a diferença na evolução das crianças.

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    Enfrentamos um desafio sem precedentes e saímos mais fortalecidos com a definição de novos protocolos de prevenção e tratamento para resguardar nossos pacientes. E, mesmo com todas as limitações impostas pela pandemia, os tratamentos não pararam no GRAACC. Seguimos com os avanços terapêuticos para encarar a Covid-19, minimizar ao máximo o risco das nossas crianças e jovens e buscar, com todos nossos recursos, os melhores desfechos clínicos.

    * Fabianne Carlesse é médica infectologista do Hospital do GRAACC

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