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O Brasil precisa mudar o foco do tratamento para a prevenção

Qualidade de vida e recursos financeiros seriam mais preservados ao valorizar medidas preventivas, como vacinação, diagnóstico precoce e hábitos saudáveis

Por Guilherme Ambar, biólogo*
10 jan 2024, 15h50

Em 7% dos lares brasileiros, 11 milhões de pessoas comprometem mais de 20% do seu poder de compra com saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também alerta para o gasto global no item saúde: 9,8% do PIB mundial, um pouco mais do que gastamos no Brasil (9,6% em 2019, segundo o Ministério da Saúde).

Esse imenso gasto, que segundo a OMS duplicou entre 2000 e 2019, tem privilegiado o tratamento de doenças – não o diagnóstico e a prevenção, muitíssimo mais baratos.

Já passou da hora de investir mais nessas duas frentes, aproveitando a grande evolução propiciada pelo diagnóstico precoce. Até porque o diagnóstico com os recursos modernos leva inclusive a um tratamento mais assertivo, geralmente mais curto, menos penoso e com menor risco de complicações e sequelas.

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Imensa discrepância entre os custos

É fácil entender a diferença do custo com diagnóstico e prevenção e o com tratamentos, quando a doença já está em curso. Um eletrocardiograma ou teste ergométrico podem alertar sobre o risco de infarto e levar a medidas preventivas.

Já se o infarto ocorrer, o custo do hospital e da implantação de um stent é mais de cem vezes maior que o do exame preventivo. O Brasil registra cerca de 300 mil infartos anuais.

Nas estatísticas, cada infarto representa apenas um número, mas, para o doente e sua família, a ocorrência gera um alto nível de sofrimento: expectativa quanto à sobrevivência, ansiedade a respeito do futuro e a necessária mudança de hábitos para reduzir o risco de novo evento cardiovascular.

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Outro exemplo: o diabetes, controlável se diagnosticado precocemente, levou a 282 mil amputações de membros inferiores no Brasil entre 2012 e 2023. Boa parte dos amputados se aposenta, o que gera gastos para a sociedade. Sem contar, claro, a perda de qualidade de vida.

Há também o caso da infecção por HPV, cuja presença é rapidamente identificada pelo diagnóstico molecular. A universalização desse teste permitiria identificar as pessoas com HPV 16 e 18, responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo de útero e de lesões pré-cancerosas. Detalhe: só em 2020, foram 6 627 mortes por essa doença no Brasil.

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O diagnóstico molecular ainda evitaria casos de câncer de ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe decorrentes da infecção por HPV. É incontável o número de vidas e o sofrimento que o Brasil evitaria com o diagnóstico e a prevenção nesses casos, que seria possível através de procedimentos simples ou acompanhamento.

Em um exemplo mais recente sobre a diferença entre prevenção e tratamento, 75% dos idosos que morreram no Brasil por Covid-19 não tinham recebido a vacina. E a imunização é uma das mais clássicas estratégias de prevenção.

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A mudança de foco do tratamento das doenças para a prevenção tornou-se possível com a universalização do diagnóstico molecular, curiosamente efeito colateral da pandemia que levou à capacitação de dezenas de laboratórios de análises clínicas em todos os Estados brasileiros.

A pandemia fez com que os laboratórios se equipassem e absorvessem tanto a tecnologia de análise dos exames PCR, como treinassem equipes hoje aptas para trabalhar com os programas de identificação extremamente rápida não só das doenças, como também do agente causador.

Com os laboratórios devidamente equipados, não há mais desculpa para termos tantos diagnósticos tardios das principais doenças epidêmicas: dengue, febre amarela, esquistossomose, leishmaniose, leptospirose, hanseníase e doença de Chagas.

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O Brasil precisa mudar de rota e finalmente introjetar que o caminho para termos uma população saudável passa necessariamente pelo investimento em prevenção, não apenas tratamento.

*Guilherme Ambar é biólogo e CEO da Seegene do Brasil.

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