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No Dia Mundial do Diabetes, temos realmente o que celebrar no Brasil?

Na data voltada à doença, ativista faz um balanço dos desafios à vista, especialmente o de complicações como a retinopatia diabética

Por Vanessa Pirolo, coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy para Diabetes e Obesidade*
14 nov 2022, 08h47
foto de mulher com dois muffins na frente do olho
Mau controle glicêmico e falta de exames oftalmológicos favorecem a retinopatia diabética, um dos desafios no país. (Foto: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Novembro é o mês de conscientização sobre o diabetes e a Federação Internacional de Diabetes (IDF), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), escolheu o dia 14 deste mês como a data oficial de sensibilização sobre a doença. Minha pergunta é: será que temos o que celebrar no país?

Segundo o último Atlas da IDF, o Brasil tem 16 milhões de pessoas, entre 20 e 79 anos, com a condição, e cerca de 50% desse contingente não sabe que tem o diagnóstico de diabetes.

Um estudo não muito recente, mas que ainda reflete a realidade brasileira, avaliou o controle glicêmico em mais de 6,6 mil adultos com diabetes por aqui e descobriu que, numa média que leva em conta tanto indivíduos com o tipo 1 como aqueles com o tipo 2 da doença, 76% desses cidadãos não possuem um controle adequado da glicemia.

A junção da falha no diagnóstico precoce com a falta de adesão ao tratamento traz resultados alarmantes. Segundo dados do Ministério da Saúde relativos ao período de janeiro a setembro de 2021, foram realizadas 12 639 cirurgias para amputações de membros inferiores, cerca de 46 por dia, decorrentes de complicações do diabetes.

E quando falamos sobre retinopatia diabética, problema que pode levar à cegueira, as consequências do mau controle glicêmico se somam às da fila imensa para atendimento médico especializado e o respectivo tratamento. Os números são assustadores.

+ ASSISTA: Os caminhos para controlar o diabetes tipo 2 no Brasil

Segundo informações levantadas pelo portal G1, o programa Corujão da Saúde, do governo de São Paulo, prometia 50 mil consultas e procedimentos em oftalmologia, porém só metade das cirurgias de catarata, por exemplo, foi realizada. Nesse imbróglio, pessoas com diabetes e danos à vista não conseguem ser atendidas.

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O estudo As Condições de Saúde Ocular no Brasil, publicado em 2019 pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), ressalta que a retinopatia diabética é responsável por quase 5% dos 37 milhões de casos de cegueira devido a doenças da visão, o que equivale a 1,8 milhão de pessoas.

De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a retinopatia afeta 4 milhões de pessoas, sendo que entre 35 e 40% delas apresentam diabetes. Uma pesquisa internacional estima que 90% das pessoas com diabetes tipo 1 e 60% daquelas com tipo 2 terão algum grau de retinopatia após 20 anos do diagnóstico da doença de base.

Mesmo com a implantação do protocolo de cuidados no SUS, hoje para uma pessoa com diabetes ter acesso ao diagnóstico e ao tratamento da retinopatia é um desafio imenso. O paciente precisa passar por uma Unidade Básica de Saúde (UBS), dizer que tem diabetes e fazer uma queixa oftalmológica para ser encaminhado a um médico (geralmente um clínico geral), que poderá direcioná-lo a um oftalmologista.

Há UBSs que têm um oftalmologista, mas essa não é a realidade da maior parte do país. Na ausência desse profissional, a pessoa com diabetes será encaminhada para um hospital, passar por uma triagem e fazer os primeiros exames. Caso seja detectada a retinopatia diabética, o paciente terá de passar por novos exames voltados à retina e entrará numa fila à espera do tratamento, que poderá ser mais rápida ou lenta a depender da gravidade do quadro.

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Esse é o caminho que a pessoa com diabetes percorre em boa parte dos municípios brasileiros até o tratamento, e isso pode levar mais de um ano. Em muitos casos, quando o paciente chega até o tratamento, já não é mais possível reverter o prejuízo e a cegueira instalada.

Mesmo para aqueles que conseguem se tratar em momento adequado, é fundamental que os profissionais de saúde deem a orientação de que o controle efetivo da glicemia continua decisivo, sob risco de a retinopatia voltar.

Nesse dia de conscientização, portanto, precisamos compartilhar para os quatro cantos do Brasil que a melhor forma de evitar essa complicação do diabetes à visão é controlar a glicemia e passar por exames periódicos com o oftalmologista. Se alguém apresentar alguma alteração na vista, é necessário procurar o especialista o mais rápido possível.

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O ponto é: como conseguir isso se você depende do SUS? Infelizmente, a falta de informação e de acesso faz como que muitos brasileiros com diabetes ainda fiquem totalmente cegos!

Encerradas as eleições, faço um apelo a todos os governantes que tomarão posse no dia 1º de janeiro de 2023 para que priorizem a saúde, verifiquem o sistema de regulamento das filas nos seus estados e municípios, façam mutirões de exames e campanhas e contratem profissionais, sobretudo oftalmologistas, para atender a essa demanda reprimida.

Quanto mais rápido for o atendimento, menos pessoas cegas teremos e, consequentemente, menos cidadãos dependentes de uma aposentadoria antecipada. Oferecer educação em saúde e exames e consultas em tempo hábil é o caminho para termos mais pessoas saudáveis e menos complicações do diabetes pelo país. Isso, sim, será motivo para comemorar!

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* Vanessa Pirolo é jornalista e coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy para Diabetes e Obesidade

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