Durante a pandemia de Covid-19, uma das prioridades foi encontrar uma forma de combater, com efetividade e segurança, essa nova doença. O coronavírus desafia a comunidade médica e científica, mas, com o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19, surgiu um novo cenário no enfrentamento da infecção.
Ainda não podemos afirmar que é o fim da pandemia. Porém, temos um começo promissor com a imunização. Hoje, falar em vacina para Covid-19 é trazer luz e esperança diante de uma doença complexa e altamente transmissível. Também é enxergar mais um capítulo da história que comprova os enormes ganhos da vacinação para a saúde pública.
É aproveitando essa oportunidade de protagonismo da imunização que nós, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), criamos o Movimento Vacinação, uma campanha para prevenir doenças e salvar vidas.
Queremos sensibilizar todas as pessoas sobre a importância de se vacinar — e não só contra a Covid-19. Mas por que estamos tão preocupados com isso? Porque, mesmo antes da pandemia, a cobertura vacinal já vinha caindo no Brasil. Com o coronavírus, então, piorou! As metas mínimas de imunização de quase todas as vacinas estão abaixo do esperado e precisamos estimular a sociedade a mudar essa situação.
Com esse movimento, buscamos enfatizar que vacina é proteção individual mas também coletiva — ou seja, se você for imunizado, também protege sua família, seus amigos, seus colegas de trabalho e muito mais.
Atualmente, no país, doenças antes controladas podem reaparecer. É o caso de difteria, poliomielite, sarampo, entre tantas outras capazes de levar a sequelas e até mesmo à morte — e todas podem ser prevenidas com vacinação.
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Muitos são os fatores que abriram brechas ao panorama atual, incluindo a necessidade de repensar estratégias de imunização e a atividade dos grupos antivacina. O Movimento Vacinação, liderado pela SBI e junto a vários parceiros, visa incentivar justamente uma mudança de olhar e comportamento — do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, da Bahia ao Acre, passando pelo Distrito Federal. A baixa cobertura vacinal é uma realidade nacional, mas juntos podemos revertê-la.
Bebês prematuros, crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes, entre outros públicos específicos, estarão contemplados com orientações distribuídas nos canais do movimento. Nossa missão é estimular todos os brasileiros a atualizar sua caderneta de vacinação, mobilizando uma conscientização permanente dentro de um projeto de responsabilidade social em nome da saúde pública.
Como uma sociedade médica baseada em evidência científica, estamos comprometidos com essa campanha inclusive distribuindo informação consistente e confiável. Vacina é do bem e acessível nos postos de saúde de todo o Brasil — não à toa, nosso Programa Nacional de Imunização (PNI) é reconhecido internacionalmente. Não podemos deixar de usufruir desse bem que protege cada um de nós e toda a sociedade.
* Rosana Richtmann é infectologista e coordenadora do Comitê de Imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia e da campanha Movimento Vacinação