A reserva ovariana é um tema importante quando se trata de fertilidade feminina. Ela representa o estoque de óvulos da mulher, que diminui gradualmente ao longo dos anos até a menopausa. E uma série de fatores, tanto genéticos quanto ambientais, podem acelerar a depleção desse estoque.
Um desses fatores, segundo estudo recente, é a exposição a metais pesados, como cádmio, arsênio, mercúrio e chumbo. Eles estão presentes, por exemplo, no cigarro e na poluição do ar, além de contaminarem a água e os alimentos, dependendo do local e do modo de cultivo.
O estudo, publicado em janeiro na revista científica The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, incluiu dados de 549 mulheres de meia idade que estavam transicionando para a menopausa e apresentavam traços de metais pesados na urina.
Os pesquisadores também analisaram amostras de sangue colhidas até dez anos antes do último período menstrual para verificar os níveis de hormônio anti-mülleriano (AMH), considerado o melhor marcador da reserva ovariana.
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Com base nisso, foi possível observar que mulheres com maior quantidade de metais pesados na urina eram mais propensas a apresentar menores níveis de AMH e, logo, um menor estoque de óvulos – isso em comparação com outras pessoas de sua idade.
Esses metais pesados são disruptores endrócrinos importantes – isto é, são substâncias que imitam, bloqueiam ou alteram os níveis normais dos hormônios do organismo, incluindo aqueles envolvidos na função reprodutiva.
Os achados do estudo, além de ajudarem a compreender melhor algumas das causas por trás da diminuição precoce da reserva ovariana, servem para elaboração de estratégias para preservar a fertilidade nessas mulheres com maior exposição a metais.
Vale ressaltar que é possível engravidar de maneira natural mesmo com baixa reserva ovariana, porém as chances são menores. Para não desperdiçar óvulos e aumentar as chances de gravidez, o ideal é buscar um especialista em reprodução humana, que poderá indicar procedimentos, como a fertilização in vitro.
*Rodrigo Rosa é ginecologista obstetra e especialista em reprodução humana. É sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Também é membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).