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HIV: baixa adesão a tratamento na pandemia ameaça conquistas

No início do mês de conscientização sobre HIV/Aids, médico discute como a pandemia atrapalhou o tratamento da doença

Por Álvaro Furtado, infectologista*
1 dez 2021, 10h43
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  • Já sabemos que, infelizmente, a pandemia de Covid-19 colaborou muito para afastar as pessoas dos consultórios, dos ambulatórios e das rotinas de exames. Nesse contexto, destaco o cenário dos pacientes vivendo com HIV.

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    Desde 2020, nós, infectologistas, observamos uma queda preocupante no acompanhamento da doença por parte de quem já está diagnosticado. Além disso, também houve diminuição da testagem, o que é um problema porque atrasa o diagnóstico e, consequentemente, o início do tratamento. Isso aconteceu em todo o mundo.

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    Em 2021, completamos 25 anos da disponibilização das terapias que controlam o HIV pelo SUS, propiciando uma vida normal ao paciente. Só que essa baixa adesão ao tratamento e a falta de acompanhamento da evolução da infecção ameaçam seriamente as conquistas obtidas até aqui.

    O isolamento social nos últimos meses, a dificuldade de deslocamento das pessoas aos ambulatórios e o aumento do desemprego, que compromete a vida financeira, são fatores determinantes para esse fenômeno. Além disso, temos as próprias vulnerabilidades sociais dessas populações.

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    No entanto, é importante ressaltar que todas as conquistas só foram possíveis justamente por causa da adesão, ou seja, a presença frequente dos pacientes nas consultas, a realização de exames periódicos, o comparecimento para a retirada da medicação e o seu uso correto, contribuindo, assim, para a contenção da epidemia iniciada nos anos 1980.

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    Já há alguns estudos, como um realizado na África do Sul, mostrando que os prejuízos causados pela Covid-19 podem limar uma série de feitos em relação ao avanço do tratamento do HIV.

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    É possível afirmar que a epidemia de HIV no Brasil está estabilizada, apesar de ainda registrar de 30 a 40 mil novos casos por ano. Temos desafios enormes pela frente, principalmente junto às populações mais vulneráveis. Mas eles podem aumentar por conta desse momento crítico que atravessamos.

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    Quando o paciente vai aos centros de referência, ele toma as vacinas necessárias, faz a prevenção de outras doenças e, ainda, a checagem de exame de sorologia das demais infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

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    Hoje é absolutamente comum o paciente de HIV levar uma vida normal. O tratamento consiste em poucos comprimidos, com efeitos adversos mínimos, e a expectativa de vida é a mesma de quem não tem o vírus. Então, vive-se com qualidade graças aos medicamentos disponíveis, que são seguros e eficazes.

    As terapias tornam o vírus indetectável, o que significa que esses pacientes podem manter relações sexuais sem o risco de transmitir o HIV para os seus parceiros (o que não dispensa os cuidados de sempre). Também podem ter filhos, se desejarem, porque o vírus não passa para o bebê quando não é detectável.

    Eu gosto de dizer que muitos horizontes se abriram depois do surgimento das novas drogas que controlam o HIV. O cenário hoje é muito diferente do que se via há 30 anos, quando a infecção era quase uma sentença de morte. Por isso, é necessário insistir para que as pessoas voltem para o tratamento e o seguimento regular.

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    Quando há uma interrupção, o vírus volta a replicar, a imunidade começa a cair e o paciente fica suscetível a contrair doenças oportunistas, como a tuberculose, que colocam a vida em risco. A descontinuação gera consequências bastante danosas, principalmente se for muito prolongada. Então, é hora de trazer essas pessoas de volta ao tratamento, (re)iniciar a terapia antirretroviral e fazer os exames.

    Os revezes da Covid-19 podem, sim, refletir na piora dos indicadores do HIV no Brasil e lá fora, e isso nos convoca a agir com ainda mais esforço. Não podemos interromper ou até voltar atrás depois de todo o trabalho e das conquistas alcançadas em tantos anos de luta com o vírus e a doença.

    * Álvaro Furtado é infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e do Centro de Referência e Treinamento em IST/HIV Santa Cruz, na capital paulista

     

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