Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Esquizofrenia: estigma também precisa de tratamento

Enquanto vemos avanços no diagnóstico e nas opções terapêuticas, o aspecto social que envolve essa doença psiquiátrica tem muito a evoluir

Por Ary Gadelha, psiquiatra*
25 fev 2019, 15h44

O tratamento da esquizofrenia, transtorno mental crônico que atinge cerca de 1 milhão de brasileiros, tem alcançado avanços importantes, com o surgimento de novas opções terapêuticas. A doença, no entanto, possui um aspecto social que também exige muita atenção: o estigma que acompanha os portadores. Preconceito e desconhecimento, quando não combatidos, prejudicam a todos os envolvidos.

Tanto esquizofrenia como estigma são palavras que têm origem grega. A primeira quer dizer “mente dividida”, em referência à mistura de realidade e ilusão em que vivem os portadores da doença, acometidos por alucinações e delírios. A segunda, antes um sinal corporal que identificava de alguma forma o indivíduo, deixou de ser característica física para rotular de forma muito mais ampla o representante de determinado grupo, provocando discriminação, sofrimento emocional e enormes dificuldades de inserção social.

Estereótipos de vários tipos (raciais e religiosos, entre outros) estão enraizados em nosso dia a dia, e os problemas mentais têm sido historicamente terreno fértil para generalizações e distorções, muitas vezes propagadas em obras de ficção, programas humorísticos e até nos noticiários.

Exemplo disso é o uso metafórico da palavra esquizofrenia em contextos que vão da política ao futebol. Torná-la sinônimo de desordem, imprevisibilidade e falta de bom senso é banalizar uma grave condição médica e alimentar estigmas. Machuca os pacientes e seus familiares.

A desinformação, por falta de acesso ou interesse, gera uma série de equívocos sobre a esquizofrenia. Envolvem, entre outras coisas, as causas da doença e o perfil dos pacientes, considerados por muitos como perigosos, violentos e inaptos para o convívio e para atividades como estudo e trabalho.

Continua após a publicidade

A boa notícia é que no Brasil e no mundo há várias iniciativas empenhadas em disseminar conhecimento e conscientizar a população.

O primeiro grande passo foi dado pela Associação Mundial de Psiquiatria, que, em 1996, lançou um programa de combate à estigmatização da esquizofrenia chamado Open the Doors – ele foi adotado em 20 países.

No Brasil, onde começou em 2001 com apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Programa de Esquizofrenia da Universidade Federal de São Paulo (Proesq), ele deu origem à Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia (Abre).

Continua após a publicidade

Essa organização sem fins lucrativos tem como missão “melhorar a qualidade de vida das pessoas com esquizofrenia e de seus familiares, defender seus direitos, eliminar o estigma, disseminar informações e promover o diálogo sobre natureza e tratamento da esquizofrenia”.

O tratamento, aliás, tem avançado de maneira bastante significativa, possibilitando um melhor convívio familiar e social. As inovações que surgiram recentemente favorecem a adesão ao uso contínuo dos medicamentos, controlam de forma eficiente os sintomas e previnem ou retardam os episódios de recaída, tão frequentes durante o curso da esquizofrenia.

A saúde mental é um dos temas mais relevantes do nosso tempo, com implicações que vão muito além da esfera médica. Mas é o drama humano que, acima de tudo, deve mobilizar autoridades, empresas e cidadãos comuns. As pessoas são muito mais complexas e importantes do que a doença que elas têm.

É função de todos contribuir para minimizar o estigma que cerca a esquizofrenia, a depressão e outras enfermidades psíquicas. Ele é gatilho para consequências como desemprego, isolamento, abuso de drogas e suicídio. A receita é simples: informação, informação e mais informação.

Continua após a publicidade

*Ary Gadelha é coordenador do Programa de Esquizofrenia e professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), além de vice-presidente da Associação Brasileira da Neurociências Clínicas (Abranec).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.