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Espondilite anquilosante: a importância do diagnóstico precoce

Procurar ajuda nos primeiros sintomas ajuda a evitar as sequelas da doença, como a falta de mobilidade da coluna

Por Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, reumatologista*
7 Maio 2023, 09h56

A espondilite anquilosante (EA) pertence a um grupo de doenças chamadas de espondiloartrites (EpA), que apresentam características comuns, como comprometimento inflamatório da coluna vertebral. Espondilo significa coluna/vertebra e ite significa inflamação.

Além da inflamação da coluna vertebral, as EpA podem vir acompanhadas de artrites (inflamações articulares) de extremidades, dactilite (inflamação de dedos), doença inflamatória intestinal (Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa), inflamação ocular (uveíte) e doença autoimune crônica de pele (psoríase).

Como podemos perceber, trata-se de um grupo de doenças que se manifestam em vários órgãos do organismo.

A espondilite anquilosante, uma das principais EpA, afeta mais homens com idade inferior a 40 anos. Porém o diagnóstico, pelas dificuldades clínicas, acaba sendo realizado muitas vezes após esta idade.

Ela é mais prevalente em caucasianos e atinge entre 0,5 a 0,8/100.000 habitantes. Ou seja, é considerada uma doença rara.

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Como se manifesta a doença

Um dos principais sintomas da espondilite anquilosante é a lombalgia baixa — dor na região da lombar e nos glúteos  — pela manhã, ao acordar. Diferente das dores musculares e vertebrais por traumas e desgaste, que pioram com exercícios, essa dor melhora com a atividade física.

+ Leia também: Teste: sua dor das nas costas pode ser espondilite anquilosante?

É preciso valorizar também sintomas intestinais — alterações de ritmo, sensação de estufamento, dores abdominais —, sinais na pele, alterações nos olhos, como olhos vermelhos, e queixas similares a tendinites em calcanhares, ombros e quadris.

O diagnóstico é feito pela história familiar do paciente, por queixas dos sintomas e por exames de imagens. Muitas vezes, estes sintomas não são muito exuberantes e podem passar despercebidos pelo clínico. Isso atrasa o diagnóstico, levando então às lesões permanentes.

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Quando fazemos imagens da coluna vertebral ou ressonância magnética das articulações sacrilíacas, que ficam na bacia, vamos encontrar alterações inflamatórias.

O diagnóstico rápido evita complicações

Detectar precocemente a EA ajuda a evitar as sequelas que podem vir depois meses e anos de tratamento não adequado.

Sem a assistência adequada, ocorre a calcificação dos ligamentos que fazem parte dos tecidos moles da coluna vertebral. Isso deixa a coluna sem mobilidade, levando o paciente a ter dificuldade de deitar-se, entrar em um carro, assim como compromete sua qualidade de vida.

+ Leia também: Dor nas costas: onde estamos errando?

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A etiologia da EA ainda não é totalmente conhecida. Hoje acreditamos que ela seja uma associação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais.

Um fator genético associado é o antígeno HLA-B27. Em análises, esse marcador está presente na maioria dos pacientes, nos caucasianos em torno de 90%, porém em estudos brasileiros, este marcador está ao redor de 65%.

Como não está presente em 100% dos pacientes, outros fatores também são considerados causadores da patologia.

O tratamento da espondilite anquilosante

O tratamento da EA deve ser realizado de forma individualizada, de acordo com os sintomas da doença e as características do paciente, como a presença de doenças associadas e fatores psicossociais.

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O objetivo é melhorar dor, rigidez, fadiga, mobilidade e flexibilidade, além de prevenir dano estrutural à coluna vertebral e preservar usa função. Para isso, é prescrita uma associação de remédios e atividades físicas.

Trata-se de uma doença crônica e incurável, então é fundamental educar o paciente para entender a doença e ter adesão ao tratamento medicamentoso, fisioterapia constante e atividade física diária.

Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) são as medicações de primeira linha no tratamento. Entre 70% e 80% dos portadores de EA apresentam melhoras dos sintomas com essa categoria, incluindo melhora da dor e da rigidez na coluna.

Quando o indivíduo não responde aos AINE, trocamos de medicação. Entram em cena os chamados de modificadores de doença, que tem início de ação mais demorada. Nesta classe, podemos mencionar o metotrexato e a sulfassalazina, mas esses são só prescritos quanto a espondilite também é periférica ou atinge a pele.

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Caso estes compostos também não tragam benefícios, ou produzam efeitos adversos ao paciente, trocamos novamente. Neste caso, pela medicação chamada biológica. Existem várias classes deste tipo de droga, e a indicação depende de vários fatores.

Eles buscam alvos específicos no corpo, em geral moléculas envolvidas na inflamação ligada à doença, como certas interleucinas. Entre os novos medicamentos, temos também as pequenas moléculas, em especial os inibidores de janus-quinase, ou inibidores de JAK, que estão sendo usados com bons resultados.

Além disso, é comum ter que tratar queixas em outros locais. Podem ser indicadas pomadas na presença da psoríase; pré/probióticos e ajustes na dieta para a doença inflamatória intestinal; além de medicação tópica para inflamações oculares.

A mensagem que fica é que o diagnóstico mais cedo e o tratamento precoce impedem o comprometimento geral e a piora da qualidade de vida dos pacientes.

* Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, reumatologista Presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)

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