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Esclerose múltipla: do que são feitos nossos sonhos?

Saiba quais são os desejos e anseios de quem convive com essa condição

Por Gustavo San Martin*
Atualizado em 19 set 2017, 10h06 - Publicado em 19 set 2017, 10h06
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  • Quando crianças, temos sonhos do tamanho do mundo. Ser astronauta, jogador de futebol ou, no meu caso, “médico de gente que precisa”. É bom sonhar sem medo ou ter certeza de que venceremos os obstáculos e chegaremos lá. Mas o tempo passa e os sonhos mudam eles se concretizam ou perdem o sentido. São recicláveis.

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    Aos 24 anos, eu queria casar, ter três filhos e morar no campo. Tudo estava planejado como uma planilha até maio de 2010, quando fui ao oftalmologista.

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    — Estou pronto para meu intercâmbio, doutor. Vou realizar o sonho de morar na África do Sul e acompanhar a Copa do Mundo. Só queria saber o que acontece com meu olho.

    — Entendo, Gustavo. O que você está sentindo?

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    — Duas semanas atrás, tomei a vacina da gripe H1N1 e meu olho embaçou, a visão está dupla.

    — Sente naquela cadeira. Preciso descartar algumas coisas.

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    Era o segundo oftalmologista que procurava, mas algo parecia diferente. Enquanto conversava, eu me afastava da viagem e da Copa. Aquilo estava além da falta de óculos. O exame nunca acabava.

    — Você tem neurite óptica. É uma inflamação do nervo óptico que pode indicar certas doenças. Aids, câncer, sífilis, tuberculose ou… esclerose múltipla.

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    Minha irmã Pamella estava comigo na consulta. Eu não lembro. Me recordo apenas de sentir frio em um quarto escuro e silencioso. Pensei nos sonhos e na minha mãe: “Filho, come para ficar forte!”.

    Algumas situações nos permitem ser apenas filhos. Esse momento de indefinição não. Queria o colo, mas minha mãe precisava de mim assim como eu, dela. Oito meses e muitos exames depois, veio o diagnóstico definitivo: esclerose múltipla. Quem sou eu? Onde estarei em 30 anos? Quais meus sonhos agora?

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    O Google, na época, me colocava numa cadeira de rodas. Então decidi não sofrer por falta de conhecimento até que surgiu o sonho de divulgar a doença neurológica que mais afeta adultos jovens no mundo. Fundei a AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose, a maior plataforma de apoio a pessoas com esse problema no Brasil. Formado em administração, passei a cuidar de “gente que precisa”, não como médico, mas como paciente. Reaprendi a sonhar.

    Num piscar de olhos, 25 anos de fantasias pareciam embaçados. Começava uma nova vida. Tempo, autoconhecimento e força de vontade fazem nossos sonhos terem muito valor. Encontre os seus, recicle-os e os coloque em prática. Basta viver.

    *Gustavo San Martin é administrador e fundou a associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME), entidade que dirige atualmente

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