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Envelhecimento dos brasileiros pede maior atenção à leucemia

No Fevereiro Laranja, mês de conscientização sobre a leucemia, médico chama a atenção para aumento da doença em idosos e avanços no tratamento

Por Ângelo Maiolino, hematologista*
Atualizado em 29 Maio 2023, 13h03 - Publicado em 16 fev 2021, 10h24
ilustração de idoso recebendo tratamento oncológico contra leucemia
Progressos no tratamento ampliaram qualidade e expectativa de vida de pacientes com leucemia.  (Ilustração: Pedro Hamdan/SAÚDE é Vital)
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Os casos de câncer estão crescendo no Brasil. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que este ano sejam diagnosticados 635 mil novos casos, 28% a mais do que em 2010, quando houve 489 270 registros. Em dez anos, deve haver um aumento de 42% nos episódios da enfermidade. E o envelhecimento da população é uma das causas desse crescimento.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que 70% dos casos de câncer acometem os idosos, que hoje somam 28 milhões de brasileiros, o equivalente a 13% da população. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que o percentual de pessoas mais velhas no país dobre nas próximas décadas.

Dados do INCA revelam que, nos últimos cinco anos, houve um aumento de 7,3% nos novos casos de leucemia. Em 2016, surgiram cerca de 10 mil casos desse tipo de câncer no sangue. Para 2021, o número de novos registros deverá saltar para 10 800.

Conscientizar a sociedade sobre a leucemia é uma das metas da campanha Fevereiro Laranja. Dois tipos da doença são mais comuns em idosos: a leucemia mieloide aguda (LMA) e a leucemia linfocítica crônica (LLC).

A LMA é um dos tipos de câncer no sangue mais agressivos. Apenas 28% dos portadores sobrevivem pelo menos cinco anos. Também é difícil de tratar, porque nem todos os pacientes podem se submeter à quimioterapia devido à idade.

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Já a leucemia linfocítica crônica (LLC) responde por mais de 30% dos novos casos da doença. Mais comum em pessoas entre 60 e 80 anos, tem progressão lenta e ocorre quando alguns glóbulos brancos se tornam anormais e se multiplicam de forma desenfreada.

Novos tratamentos têm contribuído para aumentar o tempo e a qualidade vida dos pacientes. Entre eles destaca-se o medicamento venetoclax, indicado para pacientes com leucemia mieloide aguda que não podem fazer quimioterapia e alguns quadros de leucemia linfocítica crônica. O tratamento com esse fármaco tem duração fixa e oferece maior eficácia e menor toxicidade.

Em paralelo aos avanços terapêuticos, devemos estimular as pessoas a se cuidarem e procurarem um médico se aparecerem sinais como cansaço, manchas roxas pelo corpo e gânglios inchados, que podem ser indicativos de uma leucemia. Assim conseguimos tratar precocemente a doença.

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* Ângelo Maiolino é professor de hematologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenador de hematologia do Américas Oncologia no Rio de Janeiro e diretor de comunicação da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH)

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