Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Depressão, o transtorno de várias faces

Psiquiatra desmistifica a doença, que pode se aproveitar das restrições da pandemia para se manifestar, e reforça a importância da ajuda especializada

Por Dr. Jair Mari, psiquiatra*
Atualizado em 3 nov 2020, 17h16 - Publicado em 17 set 2020, 11h53

A necessidade do distanciamento social e toda a insegurança gerada pela falta de um tratamento ou vacina contra a Covid-19 fizeram com que muitos de nós acumulássemos sentimentos de ansiedade, tristeza, solidão, agonia… E não há nada de atípico nisso, estamos passando por uma crise sanitária global que nenhuma das gerações presentes vivenciou antes. Contudo, a permanência desses sentimentos pode ser um sinal de que há algo a ser avaliado com mais cuidado, mais carinho. Pode ser sinal de depressão.

Também conhecida como transtorno depressivo maior, a depressão não vê classe social, gênero ou faixa etária, mas impacta negativamente como as pessoas se sentem, se comportam e pensam. Ela pode se apresentar de formas diferentes, em graus distintos, e é sempre danosa.

Em resumo, nem toda depressão é igual, mas toda depressão é perigosa e deve receber tratamento adequado. Mesmo formas suaves da doença podem ser devastadoras para a vida dos pacientes. Além disso, infelizmente, a depressão é o diagnóstico psiquiátrico mais comumente associado ao suicídio.

Nesse contexto, precisamos não apenas ampliar a compreensão sobre a doença, mas principalmente requalificar a conversa a respeito. Em primeiro lugar, a depressão não é frescura, fraqueza ou falha pessoal. É uma enfermidade médica incapacitante com sinais e sintomas específicos que requerem tratamento especializado.

Em segundo, a criação de um ambiente favorável e de acolhimento para ajudar os que sofrem com a doença, independentemente de seu grau, é fundamental para que o paciente se sinta à vontade para expressar suas dores.

Além de familiares e amigos estarem atentos a mudanças no comportamento de seu ente querido – se está mais irritado ou triste, perdeu o interesse em atividades que antes o moviam, apresenta problemas de concentração ou tem estado em silêncio, passa o dia todo na cama ou permanece as madrugadas acordado –, é essencial que o paciente recorra à ajuda especializada.

Para ser caracterizada como problema clínico, é preciso que haja uma mudança qualitativa na vida da pessoa, sendo um estado duradouro e persistente por pelo menos duas a quatro semanas. A tristeza é passageira, mas a depressão habita o indivíduo e prejudica o rendimento pessoal, afetivo e profissional.

Ao contrário da crença popular de que há um “excesso” de tratamento contra a depressão, pesquisas feitas nas capitais paulista e carioca por suas universidades federais estimam que 50% das pessoas com diagnóstico de depressão não estejam recebendo nenhum tipo de tratamento. Essa carência pode ser ocasionada por motivos como custo econômico, preconceito, estigma e baixa cobertura da assistência.

Continua após a publicidade

A ajuda especializada costuma ser um divisor de águas para quem sofre com depressão e seu tratamento geralmente envolve psicoterapia ou medicação ou uma combinação de ambos. Acima de tudo, é importante ressaltar que o tratamento não é de curto prazo ou funciona na primeira tentativa – exemplo disso é a chamada depressão resistente ao tratamento, que afeta um em três indivíduos com depressão e se caracteriza quando o paciente não responde a pelo menos dois medicamentos diferentes usados em doses e duração adequadas.

Lembre-se: informação e acolhimento são ingredientes essenciais para apoiar quem precisa de ajuda especializada.

* Dr. Jair Mari é psiquiatra, PhD pelo Instituto de Psiquiatria do King´s College, na Inglaterra, e professor titular e chefe do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.