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Como nos enganamos para não enlouquecer

Há dez mecanismos de defesa que usamos para lidar com realidades desagradáveis. Mas eles podem sabotar nosso amadurecimento

Por Saulo Velasco, psicólogo e diretor de aprendizagem na The School of Life Brasil*
24 fev 2024, 18h13

Você já se pegou reagindo exageradamente a uma crítica construtiva ou culpando os outros por seus próprios erros? O comportamento defensivo está na raiz de muitos dos problemas que temos com os outros e com nós mesmos.

Em 1934, Anna Freud, em seu livro “O Ego e os Mecanismos de Defesa“, discutiu como, instintivamente, protegemos nosso “ego” (a imagem aceitável de quem somos) de nossa versão mais sombria e realista. Os mecanismos de defesa, por sua vez, são recursos psicológicos inconscientes usados para reduzir a ansiedade decorrente de desejos inaceitáveis ou potencialmente prejudiciais. 

Eles funcionam como filtros que modificam, mascaram ou redirecionam os sentimentos e impulsos internos, permitindo que sejam expressos de maneira mais aceitável ou menos ameaçadora. 

Contudo, ao nos defendermos no curto prazo, prejudicamos nossas chances de enfrentar a realidade a longo prazo, limitando nosso desenvolvimento. 

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+Leia também: Freud e cia no divã: os debates atuais sobre a psicanálise

Os principais mecanismos de defesa descritos por Anna Freud incluem:

  1. Negação. Recusar-se a aceitar uma realidade dolorosa ou ameaçadora. Exemplo: Bebo todas as noites e tenho ressacas pesadas, mas não tenho problemas com álcool“.
  2. Deslocamento. Redirecionar emoções de um objeto provocador para outro menos ameaçador. Exemplo: descarregar frustrações do trabalho nos familiares.
  3. Projeção. Atribuir sentimentos indesejáveis a outra pessoa. Exemplo: acusar um colega de ser preguiçoso, quando na verdade é o próprio indivíduo que luta com a procrastinação.
  4. Voltar-se contra si mesmo. Sentir raiva ou ódio de si mesmo. Exemplo: uma criança negligenciada na infância se vendo como indigna, em vez de reconhecer a incompetência dos seus pais em lhe dar amor.
  5. Regressão. Retornar a comportamentos de fases anteriores da vida sob estresse. Exemplo: um adulto recorrendo a birras quando contrariado.
  6. Racionalização. Justificar ações ou sentimentos de maneira que pareça lógica, evitando a verdadeira causa. Exemplo: “Não consegui o emprego porque o entrevistador não gostou de mim, não porque eu estava despreparado”.
  7. Desvalorização. Minimizar o valor de algo para reduzir seu impacto emocional. Exemplo: “Aquele emprego que eu não consegui não era tão bom assim”.
  8. Formação reativa. Transformar sentimentos inaceitáveis em opostos. Exemplo: tratar alguém de quem se tem inveja com excessiva gentileza.
  9. Sublimação. Canalizar impulsos inaceitáveis para atividades produtivas. Exemplo: usar a frustração com o trabalho para impulsionar um hobby criativo.
  10. Fantasia. Criar cenários imaginários para escapar da realidade ou lidar com desejos não realizados. Exemplo: imaginar-se vivendo uma vida completamente diferente.

Reconhecer e compreender esses mecanismos não é apenas uma jornada fascinante, mas também um passo essencial para o desenvolvimento pessoal e relacionamentos mais saudáveis. Ao nos tornarmos mais conscientes de como nos enganamos, podemos começar a enfrentar a realidade com maior clareza.

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*Saulo Velasco é psicólogo e, há mais de dez anos, ensina competências acadêmicas e habilidades de estudo a pessoas de todos os níveis de escolaridade. É diretor de aprendizagem na The School of Life.

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