A obesidade contribui para a manifestação de outras comorbidades com importante impacto na saúde pública, como o diabetes, a hipertensão arterial sistêmica e as dislipidemias.
Todas são consideradas fatores de risco relevantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCVs).
Dados da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) apontam as DCVs como a principal causa de óbitos no país (30% do total de mortes), o que corresponde a 400 mil por ano.
Prevenir e tratar adequadamente a obesidade é fundamental para reduzir essa estatística.
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A alimentação inadequada é uma das causas mais destacadas da doença, com ênfase no consumo excessivo de alimentos com alta densidade calórica, fontes de gorduras saturadas e carboidratos refinados, bem como o uso frequente de bebidas alcoólicas.
Associado a isso, o estilo de vida sedentário e a predisposição também são considerados fatores importantes.
De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2023, ocorrerá um crescimento exponencial de pessoas acima do peso no mundo nos próximos anos.
Segundo as projeções, no Brasil, 41% dos adultos conviverão com a doença em 2035. Atualmente, essa taxa é de 22,4%.
Novo livro
A atuação dos profissionais de nutrição e de áreas afins é fundamental para mitigar esse quadro epidemiológico.
O repasse de informações científicas por tais profissionais, no sentido de contribuir para educação alimentar saudável, certamente constituirá uma estratégia importante no combate dessa epidemia.
O livro Obesidade e Nutrição (Manole, 2023)** reúne textos e estudos de 19 nutricionistas que abordam a epidemiologia da obesidade, discutindo sua prevalência e distribuição global, bem como suas implicações socioeconômicas e de saúde pública.
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A obra parte da compreensão desta condição: quais os mecanismos/processos do organismo que mantêm o indivíduo acima do peso ideal? Como a biologia e a genética influenciam nisso? Por que, em alguns casos, é tão difícil perder peso?
Discussões essenciais, por exemplo, de como a obesidade e a resistência à insulina estão relacionadas e o papel da microbiota intestinal estão no livro.
O tipo de alimentação influencia diretamente a colonização das bactérias no órgão. Dessa forma, o que se come poderá favorecer ou não a perpetuação de determinados tipos de colônias que habitam o intestino: as bactérias do tipo firmicutes contribuem para o ganho de peso enquanto as bacteroidetes vão no caminho oposto.
A relação gasto energético-comida também é essencial. A prática de exercícios físicos regulares é necessária para reverter o excesso de peso.
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A ação das vitaminas e de elementos como zinco, magnésio, selênio e cobre em nosso organismo são importantes, assim como a compreensão acerca da relevância de práticas alimentares mais saudáveis, que prestigiem todos os grupos alimentares.
Temos as ferramentas para viver mais e melhor, basta colocá-las em prática e em todos os dias, e não somente em alguns períodos da vida.
*Dilina do Nascimento Marreiro é professora titular da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Silvia Maria Franciscato Cozzolino é livre-docente e professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP). Ambas são nutricionistas e organizadoras do livro Obesidade e Nutrição, da Manole
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