Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Cirurgia plástica nas mamas atrapalha a amamentação?

Médicas explicam o impacto de procedimentos para aumentar ou reduzir o tamanho dos seios no aleitamento materno

Por Beatriz Geronymo e Mayka Volpato, ginecologistas e mastologistas*
2 ago 2022, 09h09

Os esforços empreendidos pelas mulheres para iniciar e manter a amamentação exclusiva são grandes, por vezes mobilizando questionamentos sobre a sua própria capacidade de exercer plenamente o papel de mãe. Inúmeras cobranças pessoais e sociais são frequentes, além das dificuldades inerentes ao processo em si.

O número de mulheres submetidas à cirurgia da mama é cada vez maior em nossa sociedade e, em paralelo, ainda vemos taxas reduzidas de aleitamento materno. Essa situação enfatiza a importância do apoio e do incentivo à amamentação, uma vez que as mulheres que realizaram um procedimento do tipo encaram maior probabilidade de desistir e realizar o desmame precoce.

O Brasil é um dos líderes mundiais em número de cirurgias plásticas, e o procedimento para aumento das mamas com a colocação de próteses é um dos principais, totalizando mais de 200 mil operações por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

De maneira geral, as cirurgias estéticas são realizadas em mulheres que ainda não se preocupam com a amamentação e poucas pacientes em idade fértil solicitam informações sobre aleitamento antes de serem operadas, mas o fato é que os cirurgiões também não fornecem essas informações de forma sistemática.

Continua após a publicidade

A intervenção na mama, estética ou não, promove diversos graus de fibrose cicatricial, que interferem não só na produção, mas também no fluxo de saída de leite, podendo promover o que chamamos de ingurgitamento mamário. Esse é um processo capaz de levar a complicações como dores, inflamações e infecções no local.

Estima-se que de 20 a 90% das mulheres submetidas à redução da mama por razões estéticas ou tratamento de um tumor apresentam dificuldade para amamentar em diferentes graus. Na prática, observamos a necessidade frequente de essas mães terem de complementar o aleitamento de seus bebês.

Isso ocorre porque as cirurgias mamárias podem envolver incisões extensas e a mobilização de toda a região da aréola, ocasionando lesão e remoção dos tecidos que produzem e drenam o leite. As consequências são mais imprevisíveis e penosas quando há complicações no pós-operatório.

Continua após a publicidade

+ LEIA TAMBÉM: Reconstrução mamária é um direito das mulheres que se tratam de um câncer

E o implante de silicone?

Quando se fala no aumento das mamas com prótese, muitos médicos acreditam que o tipo de incisão não teria repercussão no curso do aleitamento, mas a verdade é que a produção de leite pode ser afetada independentemente da técnica cirúrgica.

A presença da prótese acaba por impactar negativamente o processo de expansão da mama porque a distensão promovida pelo implante tem um efeito inibidor na produção de leite. Dessa forma, a mulher terá maior dificuldade de manter o aleitamento exclusivo em razão da produção diminuída.

Continua após a publicidade

Além disso, durante a inserção da prótese, ocorre lesão dos ductos por onde o leite passa. A técnica baseada em incisão axilar parece ser mais agressiva nesse sentido e, considerando-se esse fator, a incisão inframamária parece mais interessante. No entanto, quando comparadas em relação à produção e à drenagem do leite materno, não há diferenças entre as incisões axilar, periareolar e inframamária.

Com relação à localização da prótese, a maioria dos estudos indica que pacientes com implante localizado acima do músculo peitoral têm maior dificuldade para amamentar em comparação com aquelas que receberam a prótese atrás desse músculo. Não parece haver diferença associada à forma ou ao tipo de implante.

BUSCA DE MEDICAMENTOS Informações Legais

DISTRIBUÍDO POR

Consulte remédios com os melhores preços

Favor usar palavras com mais de dois caracteres
DISTRIBUÍDO POR
Continua após a publicidade

Redução das mamas

Na cirurgia de redução das mamas, quando há a remoção somente do polo inferior da mama com preservação da coluna central atrás da aréola, não costuma haver tanto impacto sobre a produção do leite, já que nessa área existem menos unidades produtoras do alimento do bebê.

Em 2017, uma grande revisão em cima de 1 212 estudos e 31 técnicas cirúrgicas para redução mamária mostrou que a taxa de sucesso para aleitamento foi de 4% para procedimentos sem preservação dessa área atrás da aréola ante 75% nos procedimentos com preservação parcial e 100% naqueles com preservação total.

O trabalho reforça a importância de se pesar o tipo de intervenção e o cirurgião esclarecer a paciente sobre riscos e possibilidades tendo em vista a amamentação. Até porque outras complicações podem ser decorrentes dessas cirurgias, como menor fluxo de leite, obstruções, fissuras no mamilo e propensão à mastite (inflamação da mama).

Continua após a publicidade

LEIA TAMBÉM: Os avanços e os desafios contra o câncer de mama

Orientação é fundamental

Sim, existe maior risco de dificuldade de aleitamento entre mulheres que realizaram cirurgias nas mamas, seja para reduzi-las, seja para aumentá-las com próteses. Mas isso não significa que elas não poderão amamentar. Inclusive, existem aquelas que passam pela cirurgia e amamentam tranquilamente (assim como aquelas que não fizeram procedimento algum e têm dificuldades).

O que é fundamental é a mulher ter a informação e a orientação médica adequada. Os cirurgiões plásticos, ginecologistas e mastologistas devem estar aptos e atualizados para falar sobre expectativas e perspectivas antes da operação, sobretudo a de cunho estético.

A decisão deve ser compartilhada com a paciente a fim de diminuir as chances de um arrependimento futuro e assegurar, na medida do possível, o desejo de amamentar nutrido por boa parte das mulheres.

Compartilhe essa matéria via:

* Beatriz Geronymo e Mayka Volpato são ginecologistas, obstetras e mastologistas e responsáveis pela Comissão de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional São Paulo, além de autoras do livro recém-lançado Doenças Mamárias na Gravidez e Lactação (Editora Atheneu)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.