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Cigarro não traz malefícios só para quem fuma

Neste Dia Mundial sem Tabaco, é importante notar que o cigarro prejudica os envolvidos na cadeia de produção e o meio ambiente. Mas dá para virar o jogo

Por Helano Carioca Freitas, oncologista*
Atualizado em 31 Maio 2023, 09h58 - Publicado em 31 Maio 2023, 09h54
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    Produção de tabaco impacta negativamente a vida do trabalhador rural e de sua família. (Foto: Freepik/Divulgação)

    Os problemas relacionados ao tabaco vão além da saúde do fumante, do ex-fumante e do fumante passivo.

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    O relatório “Dia Mundial Sem Tabaco 2023: cultive alimentos, não tabaco”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), traz o alerta sobre os impactos do cultivo do tabaco na saúde dos agricultores, suas famílias e na saúde do planeta.

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    O cultivo de tabaco exige muita mão de obra e traz inúmeros riscos aos profissionais envolvidos, como a doença da folha verde (intoxicação por absorção de nicotina pela pele), a exposição à poeira do tabaco e a pesticidas, a inalação de fumaça durante o processo de cura, entre outros.

    Os agricultores carregam em suas roupas pó e outras substâncias tóxicas que podem levar à exposição secundária de suas famílias.

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    Além disso, mulheres e crianças frequentemente participam de várias etapas da produção.

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    As crianças são mais vulneráveis dado seu reduzido peso relativo à quantidade de nicotina a que são expostas. Estima-se que 1,3 milhão de meninas e meninos estão envolvidos no cultivo de tabaco no mundo.

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    A OMS ainda estima que 5% do desmatamento global está relacionado ao cultivo do produto e que um único cigarro requer o uso de 3,7 litros de água em todo o seu ciclo de cultivo, manufatura, transporte, uso e descarte.

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    Anualmente, 22 bilhões de toneladas de água são utilizadas no cultivo, um volume equivalente a 15 milhões de piscinas olímpicas!

    Além disso, há um novo desafio: o aperto na regulação e a redução dos incentivos fiscais em países desenvolvidos está levando a produção de tabaco para nações em desenvolvimento.

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    Para ter ideia, embora a área de cultivo tenha diminuído globalmente em 15,8% entre 2005 e 2020, no mesmo período houve um aumento de 19,8% no continente africano.

    A Europa tem criado obstáculos ao cultivo de tabaco desde a década de 90 e, a partir de 2010, restringiu os subsídios para a produção.

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    Como resultado, em 2018, produziu menos de 2% do tabaco global e importou quase 7% da produção mundial (ou seja, 420 toneladas).

    O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de tabaco do mundo. China, Índia e Brasil são, atualmente, responsáveis por mais de 55% da produção de tabaco global.

    Segundo dados do Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco, nós exportamos mais de 459 mil toneladas de fumo em 2021.

    Hoje é o Dia Mundial Sem Tabaco, uma data criada em 1987 pela OMS para que possamos divulgar informações sobre os perigos desse produto e as ações para combater essa epidemia.

    Uma parceria da OMS com diversos órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU) e com países africanos têm desenvolvido programas de incentivo e suporte para que agricultores evitem contratos com a indústria do tabaco e passem a produzir alimentos.

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    Em Migori, no Quênia, mais de 2 mil fazendeiros deixaram de produzir tabaco e passaram a trabalhar com feijão rico em ferro.

    O cultivo do tabaco exigia a participação de mulheres e crianças durante a maior parte do ano, inclusive dificultando a vida escolar.

    O plantio de feijão, por outro lado, melhorou a condição financeira das famílias e permitiu o retorno das crianças às escolas.

    O cultivo de feijão, batata doce, milho, sorgo, arroz e vegetais ao invés de tabaco tem o potencial de alimentar milhões de pessoas não apenas na África.

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    Iniciativas similares têm surgido em países como China, Malásia, Bulgária, Sri Lanka, Filipinas e Turquia.

    No Brasil, temos muitas oportunidades para incentivar culturas alternativas em áreas de tabaco.

    Desde 2020, o Centro de Estudos Sobre Tabaco e Saúde – Fiocruz (Cetab) tem a missão de promover alternativas ao plantio de tabaco com culturas de manejo economicamente viáveis e sustentáveis.

    Nunca é demais lembrar que cerca de 8 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças relacionadas ao tabaco.

    A matemática é simples: quanto menos tabaco cultivado, menos pessoas serão expostas e menos pessoas adoecerão e morrerão de doenças relacionadas a esse produto.

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    E se as áreas de plantio de tabaco forem destinadas ao cultivo de alimentos, ainda combateremos a fome. É a famosa relação de ganha-ganha.

    *Helano Carioca Freitas é oncologista e vice-líder do Centro de Referência de Tumores de Pulmão e Tórax do A.C.Camargo Cancer Center

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