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Cardiopatia congênita: detecção no pré-natal faz a diferença

Especialista conta o que pode ser feito para diagnosticar e contornar doenças no bebê

Por Marina Zamith, cardiologista pediátrica*
Atualizado em 5 out 2022, 16h48 - Publicado em 12 jun 2022, 13h17
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  • A cardiopatia congênita, uma malformação no coração, acomete de 1 a 2% de todos os recém-nascidos. E anormalidades na estrutura ou na função desse órgão estão entre as principais causas de morte no primeiro ano de vida.

    Pesquisas apontam que um em cada quatro bebês com cardiopatia apresenta as formas mais graves do quadro e irá necessitar de um procedimento cirúrgico no primeiro ano de vida.

    Apesar dos avanços terapêuticos das últimas décadas, as cardiopatias congênitas representam, no Brasil, a segunda maior causa de mortalidade em crianças menores de 1 ano de idade e a terceira causa de óbito até os 30 dias de vida.

    Soma-se a isso o fato de que o recém-nascido com cardiopatia grave que nasce em uma maternidade sem serviço especializado de cirurgia cardíaca permanece por período prolongado aguardando a transferência e, segundo estudos nacionais, 25% morrem antes de ter acesso ao tratamento.

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    Portanto, o diagnóstico das cardiopatias antes do nascimento é fundamental e considerado, na literatura médica a respeito, o fator mais importante na melhora da sobrevida e no prognóstico da criança. Daí a indicação do ecocardiograma fetal, exame capaz de detectar alterações que deve ser realizado entre a 24ª e a 28ª semanas de gestação por um profissional com especialização na área.

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    A identificação precoce do problema permite um acompanhamento mais adequado durante a gravidez e a programação do tratamento após o nascimento, o que requer equipe e ambiente capacitados.

    Os bebês com alguns tipos de cardiopatias, como a transposição das grandes artérias e obstruções na valva aórtica ou no arco aórtico, tendem a apresentar descompensações logo após o nascimento, às vezes de forma súbita, configurando um estado de emergência.

    O tempo em que o recém-nascido permanece nessa situação com baixo fluxo sanguíneo e baixa oxigenação para órgãos nobres, como os rins e o cérebro, são extremamente deletérios e podem levar a óbito ou deixar sequelas neurológicas irreversíveis.

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    Por outro lado, quando o diagnóstico das cardiopatias já é conhecido antes do nascimento, o bebê recebe as medicações e os cuidados necessários para prevenir todos esses acontecimentos e poder realizar a correção do defeito no momento certo.

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    Recomendamos que a ecocardiografia fetal seja feita entre a 24ª e a 28ª semanas de gestação porque, nessa fase, as imagens obtidas no exame têm melhor resolução. No entanto, o método pode ser realizado a partir de 14 semanas se houver necessidade, como no caso de alterações sugestivas no ultrassom no primeiro trimestre, uso de alguns medicamentos pela mãe ou história de cardiopatia na família.

    Feito o diagnóstico, o ideal é a gestante consultar um cardiologista pediátrico, que irá orientar e conduzir os procedimentos adequados em conjunto com o obstetra, os neonatologistas e toda a equipe envolvida.

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    O preparo e o apoio psicológico para o casal e toda a família são muito importantes durante o processo. Tomar conhecimento da cardiopatia antes do nascimento do bebê dá aos pais o tempo hábil para adquirir informações e participar de forma ativa nas decisões.

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    * Marina Zamith é médica responsável pela área de Ecocardiografia Fetal e Neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo

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