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Câncer de intestino pode ser evitado com mudança de hábitos

Especialista explica quais são as medidas de prevenção e detecção precoce e discute o crescimento de casos entre jovens e o impacto da pandemia na doença

Por Sergio Eduardo Alonso Araujo, coloproctologista*
27 mar 2021, 11h47

Você sabia que, a cada hora, cinco brasileiros são diagnosticados com câncer do intestino grosso e duas pessoas morrem em decorrência da doença? Esse tipo de tumor é o segundo mais frequente em nosso país e o terceiro em número de mortes. Mas pode ser prevenido.

Para conscientizar sobre a doença e suas formas de prevenção, é realizado em todo o mundo o Março Azul. E, no Brasil, dedicamos o 27 de março ao Dia Nacional de Combate ao Câncer de Intestino.

Segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2021 serão contabilizados 41 010 novos casos desse tipo de tumor. Em 2018, de acordo com o último registro divulgado pelo Inca, foram 19 603 óbitos.

O diagnóstico precoce é fundamental no câncer do intestino grosso, também chamado de câncer colorretal. Além de representar um tumor totalmente curável, desde que detectado precocemente, trata-se, na grande maioria dos casos, de uma doença maligna evitável.

A exemplo do que ocorre para outros tumores que atingem homens e mulheres, hábitos relacionados a dieta, controle do peso e atividade física podem reduzir o risco de desenvolver o câncer colorretal.

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Mudar alguns desses comportamentos pode ser difícil, mas fazer essas mudanças ainda ajuda a diminuir o risco de muitos outros tipos de câncer, bem como de outros problemas graves, como doenças cardíacas e diabetes.

Dietas que incluem mais verduras, legumes, frutas e grãos integrais têm sido associadas a uma diminuição do risco de câncer colorretal. Além disso, comer menos carne vermelha (bovina, suína ou de cordeiro) e carnes processadas (como cachorro-quente e linguiça) é outra atitude que reduz o risco.

Fazer exercícios regularmente é mais uma medida protetora. E uma das razões tem a ver com o controle do peso. Estar acima do peso ou ser obeso aumenta a propensão a esse tumor.

Os fumantes de longo prazo também têm maior de desenvolver e morrer de câncer colorretal. Se você fuma e deseja parar, obter ajuda aumenta suas chances de largar o cigarro com sucesso. Por fim, o álcool também tem sido ligado à doença. A Sociedade Americana de Câncer recomenda não passar de dois drinques por dia para homens e um para mulheres – nunca exagere!

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O diagnóstico precoce

Cerca de 90% dos casos de câncer colorretal se originam de um pólipo, que é uma lesão causada pelo crescimento anormal da mucosa do intestino grosso. Inicialmente eles são pequenos e benignos, mas podem crescer e se tornarem malignos. Daí a importância de serem visualizados e removidos por meio da colonoscopia, exame de imagem realizado sob anestesia com um aparelho flexível introduzido no ânus até o intestino.

A recomendação geral é que a primeira colonoscopia seja realizada por todos os homens e mulheres entre os 45 e 50 anos de idade. Entretanto, quando há histórico de câncer do intestino na família, o rastreamento deve ser iniciado antes.

O exame de sangue oculto nas fezes, mais barato e acessível à população em geral, também é uma ferramenta que auxilia no diagnóstico. Ele detecta a presença de sangue não visível a olho nu nas fezes e, em caso positivo, a orientação é realizar a colonoscopia para descartar ou comprovar a presença da lesão precursora ou do câncer inicial.

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A boa notícia aqui é que a grande maioria das lesões precursoras (ainda benignas, portanto) e uma pequena parcela dos tumores malignos iniciais podem ser removidas por completo e de forma curativa e suficiente durante a colonoscopia.

O problema entre os mais jovens

Embora a maior parte dos casos de câncer colorretal atinja pessoas com 50 anos ou mais, estima-se que até 12% dos quadros diagnosticados nos Estados Unidos em 2020 tenham sido encontrados em homens e mulheres com menos de 50 anos.

Chadwick Boseman, ator que estrelou Pantera Negra e outros filmes, morreu em agosto de 2020 aos 43 anos de câncer de cólon diagnosticado vários anos antes. A ocorrência de casos novos de câncer colorretal tem aumentado a cada geração nascida desde meados do século 20.

De olho nisso, a US Preventive Services Task Force e a Sociedade Americana de Câncer passaram a propor que os adultos comecem o rastreamento do câncer colorretal rotineiramente aos 45 anos, em vez de esperar até os 50.

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O impacto da Covid-19

Há consenso universal entre os especialistas que a pandemia tem efeitos muito negativos no tratamento do câncer. No entanto, ainda havia poucas evidências sobre o tamanho do problema. Até agora.

Em artigo científico publicado em janeiro no periódico médico The Lancet Gastroenterology & Hepatology, procurou-se investigar o impacto da pandemia na detecção e no tratamento do câncer colorretal na Inglaterra. Em comparação com a média mensal de 2019, em abril de 2020 houve redução de 63% no número mensal de encaminhamentos para suspeita de câncer e uma redução de 92% número de colonoscopias.

Isso resultou em uma redução relativa de 22% no número de casos direcionados para tratamento. O estudo permitiu observar que, de abril a outubro de 2020, cerca de 3 500 pessoas a menos foram diagnosticadas e tratadas para câncer colorretal na Inglaterra do que seria o esperado.

No Brasil, apesar da falta de dados, não há motivo para imaginar que tenha sido diferente. Cabe apontar que o estudo citado não mediu o impacto da segunda onda de Covid-19, bastante vigorosa em nosso país.

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Ainda que não tenha sido especificamente desenhado para avaliar somente os caso de câncer colorretal, um estudo realizado pelo Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, avaliou a repercussão da epidemia no diagnóstico e no tratamento de casos de câncer.

Foram analisados dados extraídos de prontuários eletrônicos para comparar os volumes de pacientes nesse hospital de referência entre março e maio de 2019 com o período de março a maio de 2020. Analisando os dois momentos, observou-se que houve 45% de cancelamentos de consultas; queda de 56,2% de novas visitas; redução de 27,5% no número de pacientes submetidos a tratamento sistêmico intravenoso; e diminuição de 57,4% no início de novos tratamentos.

No geral, podemos destacar que houve uma diminuição significativa no número de pacientes submetidos a tratamento de câncer após o início da pandemia de Covid-19. Embora isso possa ser parcialmente superado por tratamentos alternativos, como quimioterápicos orais, pode ter havido impacto expressivo nos resultados clínicos com o início tardio do tratamento.

No caso específico do câncer colorretal, para os pacientes menos sintomáticos ou com tumores em estágio inicial, atrasos de 30 dias ou um pouco mais possivelmente não pioram o prognóstico. No entanto, para pacientes sintomáticos ou com algum grau de desnutrição secundária à doença ou para aqueles com a doença já disseminada, o atraso no tratamento é catastrófico.

Diante do que foi exposto, busque seguir um estilo de vida saudável e, se você já tem 45 anos ou mais, procure um coloproctologista e agende seus exames preventivos. Não espere aparecerem sintomas como sangramento e dores abdominais para tomar essas atitudes. Lembre-se de que, com medidas desse tipo, o câncer pode ser evitado ou curado.

* Sergio Eduardo Alonso Araujo é coloproctologista, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e diretor médico do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein (SP)

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