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As healthtechs e a missão de levar bem-estar com a tecnologia

Mercado de startups de saúde fica ainda mais aquecido após a pandemia, proporcionando soluções diversas para as mais variadas demandas da população

Por Paulo Quirino, coordenador do programa de startups da Samsung
4 dez 2020, 10h31
healthtech
Startups de saúde se expandem após pandemia de Covid-19.  (Ilustração: Venimo/Getty Images)
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É seguro dizer que as chamadas healthtechs, startups que desenvolvem tecnologias para otimizar ações relacionadas ao sistema de saúde e bem-estar, estão entre as áreas que mais ganharam espaço em 2020. O levantamento Distrito Healthtech Report, publicado em agosto pelo Distrito, grupo especializado em empreendimentos com esse propósito, aponta que o Brasil conta com 542 empresas voltadas para saúde no segmento.

Esse número faz do setor o terceiro com mais startups no país, indicando exatamente um dos pontos fortes desses empreendimentos: entregar soluções de maneira ágil para necessidades que surgiram com frequência em um ano atípico como o atual. Com isso, o desafio para cada uma delas passa a ser atingir o seu potencial de maneira sólida para se destacar em um ecossistema cada vez mais competitivo.

Para isso, o objetivo deve ser desenvolver tecnologias que influenciem o cotidiano dos usuários, como o próprio mercado indica. O relatório do Distrito mostra que fazem sucesso as propostas com foco na experiência do consumidor, solucionando problemas reais que impactam o maior número de pessoas. É uma transformação motivada pelo aumento da presença de soluções para o dia a dia, como aplicativos de saúde e bem-estar e equipamentos como relógios, pulseiras ou produtos acopláveis a smartphones para coletar dados de saúde, otimizar a conexão entre médicos e pacientes através da telemedicina e facilitar o diagnóstico ou até tratamentos de forma remota, respeitando o distanciamento social.

As healthtechs, contudo, resolveram outras questões de rotinas que sofreram tantas mudanças em 2020. Foram desenvolvidas plataformas de ginástica para profissionais em home office ou com objetivos de tonificação muscular, entregando mais do que apresentação de videoaulas ao utilizar sensores presentes em smartphones ou smartwatchs/bands para tornar ainda mais confiável a execução dos exercícios em qualquer ambiente. Também presenciamos a criação de ferramentas que auxiliam as pessoas do ponto de vista psicológico, entre outras.

É o sucesso de empreendimentos que trazem em seu propósito um benefício direto ao bem-estar social, indo além de gerar emprego e renda e fazer a economia prosperar. Ainda assim, dentro do cenário atual, há lacunas a serem preenchidas. Segundo o levantamento do Distrito, 64% dessas startups se concentram na região Sudeste e outras 23,7%, no Sul, enquanto 7,6% estão no Nordeste, 4,2% no Centro-Oeste e 0,6% no Norte, o que demonstra como é importante que empresas e agentes do ecossistema atuem mais fortemente nessas regiões. Há ainda outro dado que indica a oportunidade de desenvolvimento do setor no Brasil: 50,8% das healthtechs do país têm menos de cinco anos de operação — ou seja, foram criadas em 2015 ou depois.

Está claro que o crescimento mais recente se explica pela velocidade como essas startups modificam seus negócios e tecnologias para atender a demandas reais. Para maximizar esses resultados, se faz cada vez mais necessário o acesso desses empreendedores a ferramentas que aceleram entrega de valor e geração de negócios. Torna-se fundamental buscar conhecimento e suporte financeiro e ampliar sua rede de relacionamento.

Para atender às exigências atuais e futuras do mercado e da sociedade, existem programas que dão às startups acesso a ativos, tecnologias, laboratórios de P&D, treinamentos, assessorias, mentorias, networking e redes de investidores para os mais diferentes níveis de maturidade dos projetos. Desde iniciativas de pré-aceleração, ajudando projetos em estágio embrionário, até investimentos com foco na escala comercial desses empreendimentos.

Temos no Brasil, desde 2016, o Samsung Creative Startups, programa nacional de aceleração da empresa que já selecionou 45 startups — 30% delas voltadas à área de saúde e bem-estar. O foco é desenvolver o mercado, sem que a empresa se torne sócia da startup, e, dentro desse perfil, projetos envolvendo saúde estão entre os temas mais recorrentes, espelhando o que ocorre no mercado: das 14 startups que fazem parte da edição atual, cinco (35,7%) são healthtechs.

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Em quatro anos de programa, foram desenvolvidas soluções que se adaptaram e evoluíram para as necessidades de 2020. Equipamentos de leitura facial, por exemplo, viraram totens que usam inteligência artificial para medir a temperatura corporal. Aparelhos de baixo custo que captam a atividade muscular para tratamento de dor de cabeça crônica, por meio de biofeedback, passaram a auxiliar exercícios de fisioterapia através de games, garantindo a correta execução das atividades em casa.

Também foi criado um dispositivo portátil acoplado a smartphone que realiza exames de retina de alta qualidade, sem a necessidade de dilatação da pupila, que permite avaliações a baixo custo em localidades remotas. Além de um aplicativo comandado pela voz das crianças, tornando mais lúdicos os tratamentos fonoaudiológicos.

A saúde sempre foi um dos principais temas para pesquisa e desenvolvimento, e o mercado aponta que as exigências da sociedade no setor se ampliam cada vez mais. O caminho para o sucesso das healthtechs está traçado e a conexão delas com empresas, através de programas de aceleração ou investimento, agiliza e melhora esse resultado, gerando impacto na vida das pessoas com produtos e serviços inovadores e de qualidade.

* Paulo Quirino é coordenador nacional do Programa Creative Startups na área de Pesquisa e Desenvolvimento da Samsung

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