A saúde além das paredes: como a arquitetura influencia no bem-estar
Espaços pensados para reconectar as pessoas com o meio ambiente são a base da chamada arquitetura saudável. Conheça
Estar em contato com a natureza faz bem. Depois do que vivemos com a pandemia do Covid-19, percebemos como o espaço impacta em nossa saúde, seja de forma positiva ou negativa. Hoje, a reconexão com o ambiente natural se tornou prioridade para milhares de pessoas, que buscam formas de incorporar elementos naturais em seus lares, ambientes de trabalho e demais locais que frequentam.
Mas isso não é novidade. Le Corbusier (1887-1965), um renomado arquiteto suíço, mostrava, através das soluções de projeto, que uma residência poderia ser agente de saúde e bem-estar.
Amplas janelas horizontais, telhado plano em diferentes níveis, jardim suspenso, entre outros recursos, são exemplos de como se proporcionava conforto e higiene através da construção. A Villa Savoye (1929), casa em Possy, norte da França, além de um ícone da arquitetura moderna, é um dos seus projetos que mostra isso.
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A preocupação em projetar uma edificação – seja ela casa, escritório, hotel, restaurante, clínica etc – com essa premissa é a arquitetura saudável. Um conceito que tem ganhado cada vez mais destaque à medida que compreendemos melhor a influência que o ambiente construído exerce sobre a saúde.
Ou seja, as construções não devem considerar apenas aspectos estruturais e econômicos. O ser humano volta a ser o centro de todo o processo criativo.
Desde o início do projeto, todos os detalhes são estrategicamente pensados e avaliados. O tipo de parede, a disposição de portas e janelas, forma de abertura, o design do mobiliário, materiais e revestimentos propostos, presença de plantas, entre outras soluções específicas.
Na arquitetura saudável, há um real resgate da relação do homem com o seu habitat, tendo como base estudos que comprovam que o contato com a natureza traz inúmeros benefícios à saúde. Neste “novo projetar”, cada aspecto é minuciosamente considerado para garantir o efeito positivo na qualidade de vida do usuário daquele espaço.
Muitas vezes, esses elementos do ambiente construído passam despercebidos à primeira vista. Mas quando a pessoa frequenta o local que foi construído segundo diretrizes da arquitetura saudável, seguramente será capaz de experimentar uma sensação de satisfação por estar naquele espaço. E cada vez mais profissionais da área de construção procuram levar esse conceito em seus projetos.
Alinhado a isso, em 2014 foi criada a Healthy Building Certificate (HBC), uma organização com sede nos Estados Unidos, mas presente em diversos países, incluindo o Brasil. A HBC foi idealizada com o propósito de capacitar, através de cursos e consultoria, profissionais interessados na construção saudável.
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A organização também é responsável em conceder o Selo Casa Saudável, certificado mundial para construções, profissionais e produtos de construção que levam em consideração, em primeiro lugar, o bem-estar e a saúde do ser humano.
No Brasil, o selo já foi concedido para a Clínica Odontológica Luciana Kayser, o Edifício Auri Faria Lima e o Demoiselle Bistrô – o primeiro restaurante brasileiro a receber a certificação.
O conhecimento da arquitetura saudável tanto pelos profissionais da área de planejamento de ambientes, como da população em geral, ajudará a proporcionar conforto, acessibilidade, segurança e beleza para as pessoas que habitarão ou frequentarão esse tipo de espaço.
Quando o ambiente é construído com foco nas pessoas, isso reflete na saúde dos seus usuários. Quem ganha somos todos nós.
*Ornella Lenci é arquiteta especialista em Arquitetura Saudável, neuroarquitetura e profissional certificada pela Healthy Building Certificate, desde 2021. E foi responsável pelo projeto do restaurante Demoiselle Bistrô