Anteriormente chamadas de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ganharam essa nova terminologia (e sua correspondente sigla) em novembro de 2016, como parte das atualizações do Ministério da Saúde para dar o devido destaque à possibilidade de transmissão de vírus e bactérias por vias sexuais ainda que não haja sintomas deles.
Por se tratar de uma questão séria de saúde pública, é fundamental que abordemos o assunto sempre e façamos campanhas e alertas com o objetivo de conscientizar a população sobre prevenção, diagnóstico e tratamento dessas condições. O Carnaval é um dos momentos propícios a isso.
Entre as ISTs mais comuns, estão a herpes genital, a sífilis, a gonorreia, a clamídia, as hepatites virais B e C, o HPV e o HIV. Na maioria dos casos, são transmitidas por contato sexual, seja ele oral, vaginal ou anal, sem o uso do preservativo.
Quando surgem, os sintomas podem aparecer na forma de feridas, verrugas, corrimentos, lesões na pele, ínguas e dores pélvicas. E nem sempre essas manifestações se restringem ao órgão genital. Há doenças que provocam problemas nas palmas das mãos, nos olhos e em outras regiões do corpo.
+ LEIA TAMBÉM: Cuidado com as ISTs no Carnaval
É muito importante que homens e mulheres estejam atentos, nos momentos de sua higiene pessoal, a possíveis sinais de ISTs. Ainda assim, os casos assintomáticos são mais preocupantes, porque, sem diagnóstico e tratamento, a infecção continua sendo transmitida e pode evoluir para complicações graves, como infertilidade e câncer.
Como a principal forma de contágio é a relação sexual desprotegida, o método mais indicado e acessível de prevenção é o uso de preservativos (masculinos ou femininos). Eles são distribuídos gratuitamente em todas as unidades de serviço público de saúde do país.
Para algumas infecções, temos uma proteção adicional e efetiva com vacinas, no caso de HPV e hepatite B, e medicações, como acontece com o HIV.
Outro ponto essencial nessa história é o diagnóstico precoce. Na prática médica, investigamos suspeitas de ISTs por meio da história e do exame físico do paciente, averiguando eventuais sintomas. Mas podemos realizar o rastreamento com exames, pensando sobretudo nos casos assintomáticos e na população de maior risco, que inclui gestantes e pessoas com múltiplos parceiros sexuais.
BUSCA DE MEDICAMENTOS
Consulte remédios com os melhores preços
Atualmente, os exames feitos em laboratórios tradicionais podem levar dias para ficarem prontos. E, claro, há horários fixos para a coleta e o processo de transporte das amostras, demandando infraestrutura robusta, maior tempo e custos mais elevados.
Com o avanço da tecnologia, temos uma alternativa viável, a realização de testes rápidos com análise remota, com os chamados Point of Care Testing (PoCT). Eles são feitos no local do atendimento do paciente e os resultados saem em até 30 minutos.
A metodologia, aliada a ferramentas como inteligência artificial, não só permite a avaliação a distância como exige apenas algumas gotas de sangue, coletadas na ponta do dedo.
Essas inovações tecnológicas, cada vez mais respaldadas em estudos, são, junto ao olhar de profissionais capacitados, um caminho para democratizar o atendimento e a detecção de doenças num país em que 90% das pessoas com hepatite C não sabem do seu diagnóstico e 40% dos usuários da rede pública consideram o acesso a exames sua principal dificuldade na busca pela saúde.
* Bernardo Almeida é infectologista, médico do Serviço de Epidemiologia Hospitalar e da Unidade de Urgência e Emergência do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e diretor médico da Hilab