Prevenindo o HIV cada vez melhor: o efeito da PrEP na população
Pouco conhecida alguns anos atrás, a estratégia de profilaxia pré-exposição já tem papel central no controle do vírus

Ainda hoje, a profilaxia pré-exposição para HIV, ou PrEP, é mais conhecida por profissionais de saúde e usuários da medicação, mas pouco pela população geral.
A estratégia consiste em tomar comprimidos, seja diariamente, ou apenas de forma programada antes de uma exposição de risco, como forma de prevenir a transmissão do HIV. Uma modalidade de PrEP injetável trimestral já foi aprovada, mas ainda não está disponível no país.
O acesso a essa profilaxia é garantido pelo SUS, mas também pode ser obtido no sistema privado. Com facilidades crescentes de acesso, o número de adeptos tem subido constantemente. Para se ter ideia, de 2022 a 2024, o número de usuários de PrEP pelo SUS dobrou no país, alcançando mais de 100 mil pessoas no fim do ano passado.
+Leia também: DoxiPEP: uso de antibiótico após o sexo previne infecções
A PrEP realmente ajuda a combater o HIV?
Como as políticas de prevenção ocorrem paralelamente, é difícil estabelecer, com dados populacionais, o efeito individualizado de cada medida. Mas é fato que a PrEP se tornou um dos principais instrumentos para redução na transmissão do HIV.
Do ponto de vista individual, ou seja, para a pessoa que usa a PrEP, se tomada corretamente, ela tem uma eficácia de até 99% na redução do risco de contrair o vírus.
Mas uma análise dos dados do município de São Paulo — cidade do Brasil com mais usuários da profilaxia — revela algumas informações importantes. Entre 2018 e 2023, enquanto o número de usuários de PrEP praticamente multiplicou por 10, os casos novos de infecção pelo HIV caíram 54%.
Se é verdade que outras políticas podem ter contribuído (como a profilaxia pós-exposição, e mesmo o tratamento de pessoas vivendo com HIV, fazendo com que deixem de transmitir o vírus), também é fato que a PrEP é uma das principais responsáveis por essa queda.
Seja pelo SUS ou pelo sistema privado, indivíduos expostos a situações com risco de contaminação pelo HIV (em especial as populações-chave, como gays, bissexuais, pessoas trans, trabalhadores do sexo, ou parcerias sorodiferentes) devem considerar essa estratégia como forma de mitigar os riscos de infecção.