Quando falamos em disfunção erétil, ou impotência sexual, normalmente pensamos em homens maduros, acima dos 60 anos de idade. Afinal, ela é até uma consequência esperada do envelhecimento.
Mas, nos últimos tempos, relatos e estudos chamam a atenção para a ocorrência do problema entre os mais jovens. Além disso, pesquisas apontam que os jovens têm usado medicamentos para disfunção erétil com cada vez mais frequência.
Bem, é normal homens jovens terem disfunção erétil? Será que de fato estão apresentando essa condição?
De fato, estudos recentes mostram que a impotência sexual atinge um número alto de jovens, contrariando o senso comum. Uma pesquisa do Datafolha em parceria com a plataforma Omens mostrou que, entre brasileiros de 18 a 35 anos, 38% relataram algum grau de dificuldade com a ereção.
É um número compatível com o de levantamentos internacionais, que indicam que aproximadamente 30% dos homens jovens possuem algum grau de disfunção erétil.
O que explica esses números tão altos? Se por um lado a disfunção erétil de homens mais velhos tem causas físicas, como diabetes ou problemas de circulação, a impotência dos jovens acontece predominantemente por questões emocionais e psicológicas.
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Um dos principais gatilhos é a ansiedade, motivada por inexperiência, medo de decepcionar ou preocupação excessiva com a performance. Ela promove uma descarga de adrenalina, que fecha as artérias do pênis e corta a ereção.
Outra possível causa de disfunção erétil entre os jovens é o consumo desenfreado de pornografia, assim como masturbação em excesso, e um predomínio de interações e atividades digitais em detrimento de relações interpessoais.
Trabalhos recentes revelam que a pornografia pode causar distorções da autopercepção e da apreciação de parceiras(os), tornando as experiências do mundo real desconfortáveis e frustrantes.
Os conceitos de “normal” ou “adequado” dependem, sim, da referência de cada um. Mas é inegável que mais homens jovens estejam sofrendo com a disfunção erétil. Via de regra, ela tem origens psíquicas, e isso pode (e deve) ser tratado para ter ou recuperar uma boa vida sexual.
* João Brunhara é urologista, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e diretor da Omens, plataforma que trata problemas de saúde sexual masculina